23 set, 2024 - 10:08 • Lusa
Pequim acusou esta segunda-feira um grupo de piratas informáticos, alegadamente apoiado pelas forças armadas de Taiwan, de ter efetuado ciberataques contra alvos na China continental, Macau e Hong Kong, algo que Taipé negou no mesmo dia.
O Ministério da Segurança Pública da China afirmou em comunicado que o grupo Anonymous 64 "tentou transmitir conteúdos que denegriam o sistema político chinês" através de portais, ecrãs exteriores e estações de televisão digital.
"A ameaça cibernética é grave. Foram tomadas medidas eficazes para lidar com estes perigos, mas todos os cidadãos devem estar atentos a possíveis atos de sabotagem", afirmou o ministério.
No comunicado, divulgado através da rede social Wechat, o ministério afirma que "não se trata de um vulgar grupo de 'hackers'", mas sim de "um exército cibernético alimentado pelas forças pró-independência de Taiwan".
De acordo com o ministério, o grupo reporta a um centro de investigação associado a uma unidade de guerra cibernética do exército taiwanês, "responsável por travar guerras cibernéticas cognitivas e de opinião pública contra o continente".
Pequim afirmou ainda que a organização tentou "publicar conteúdos que criam a ilusão de que a segurança da rede da China é frágil".
"No entanto, a maioria dos portais atacados eram falsos portais oficiais ou portais que já não estão a ser utilizados. Alguns foram mesmo criados pela organização através da edição de fotografias e outros métodos", acrescentou.
Em resposta, o Comando de Defesa Cibernética e Telecomunicações do Ministério da Defesa Nacional (MND) de Taiwan declarou que a Unidade de Guerra Cibernética é a única responsável pela defesa da informação nacional e pelo trabalho de segurança cibernética e que "as acusações da China não são verdadeiras".
"O Comando constatou que a atual situação de ameaça inimiga e cibernética é grave e que o Exército de Libertação Popular (ELP), juntamente com as suas forças associadas, continua a perturbar Taiwan através de ataques aéreos, navais e cibernéticos, sendo o principal instigador que mina a paz regional", sublinhou a pasta militar em comunicado.
Nos últimos anos, Taiwan tem denunciado um número crescente de ciberataques da China como parte de uma campanha de "guerra cognitiva" destinada a pressionar o Governo taiwanês, atualmente liderado por William Lai (Lai Ching-te).
O Ministério dos Assuntos Digitais de Taiwan (MODA) detetou mais de 64.000 ciberataques contra agências governamentais em maio passado, o maior total mensal em quase um ano.