22 set, 2024 - 14:23 • Lusa
Pelo menos 21 pessoas foram mortas, incluindo mulheres e crianças, num recrudescimento da violência entre o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR) na cidade de al-Fasher, capital do estado de Darfur do Norte.
A Rede de Médicos do Sudão e os Comités de Resistência de al-Fasher afirmaram em declarações separadas que estas pessoas registadas no último reduto das forças armadas no oeste do país foram mortas entre a noite de sábado e a manhã de hoje em várias zonas da cidade, que se encontra sob um cerco paramilitar quase total desde maio.
A Rede de Médicos disse que 11 pessoas foram mortas e advertiu que a "continuação destes ataques e confrontos irá aprofundar a catástrofe humanitária na cidade, que alberga um milhão de pessoas, na sua maioria deslocadas" pela guerra, que começou em meados de abril de 2023.
Os Comités de Resistência de al-Fasher afirmaram que mais "10 pessoas foram mortas, incluindo mulheres e crianças" em violentos combates e bombardeamentos na cidade registados na noite de sábado.
Até à data, o exército e os paramilitares não reagiram a estas alegações.
As FAR controlaram toda a vasta região de cinco estados do Darfur durante a guerra, com exceção de al-Fasher, onde várias organizações humanitárias alertaram para a deterioração da situação humanitária e sanitária.
O Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, condenou hoje "a dramática escalada dos combates" na cidade sudanesa ocidental e apelou às partes para negociarem uma solução pacífica, não excluindo a possibilidade de sanções europeias adicionais às partes beligerantes.
A guerra no Sudão eclodiu em abril de 2023 devido a um desacordo entre o exército e os paramilitares sobre a inclusão destes últimos no poder que emergiu após o golpe de 2021, que pôs fim à tentativa de democratização do país após o derrube do antigo presidente Omar al-Bashir em 2019.
Segundo as Nações Unidas, o conflito fez cerca de 20 mil mortos, 33 mil feridos, 7,9 milhões de deslocados internos e 2,1 milhões de refugiados noutros países.