13 set, 2024 - 19:00 • Aura Miguel, a acompanhar a visita do Papa ao sudeste asiático
O republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris “são ambos contra a vida”, afirmou esta sexta-feira o Papa Francisco na viagem de regresso do sudeste asiático.
Em declarações aos jornalistas a bordo do avião, Francisco foi questionado sobre as eleições presidenciais norte-americanas de 5 de novembro e como devia um católico votar.
O Sumo Pontífice não prefere nenhum dos candidatos, porque Donald Trump é contra a imigração e Kamala Harris a favor do aborto.
“Ambos são contra a vida: quer o que manda embora os imigrantes, quer quem mata as crianças, são ambos contra a vida”, declarou.
“Não sou dos Estados Unidos, não vou lá votar, mas que fique claro: mandar embora os imigrantes, tirar-lhes a possibilidade de trabalho e não os acolher… A migração é um direito, já o dizia o Antigo Testamento e as escrituras: acolher o estrangeiro, o órfão e a viúva. Não se esqueçam disso”, sublinhou.
Nestas declarações aos jornalistas que acompanharam a maior viagem do pontificado, num total de 33 mil quilómetros, o Santo Padre também salientou que, em relação ao aborto, a ciência diz que já no mês da conceção, o embrião já tem todos os órgãos do ser humano. Ora, fazer um aborto é matar um ser humano. É um assassínio! Devemos ter isto bem claro”.
Para Francisco, os eleitores norte-americanos devem votar e “escolher o mal menor”.
“Na moral política, geralmente diz-se que não votar é mau e que se deve votar e escolher o mal menor. Qual é o mal menor? Aquela senhora ou aquele senhor? Não sei. Que cada um, em consciência, pense e decida”, recomenda.
Sobre os esforços da Santa Sé e a falta de paz em Gaza, Francisco lamentou a situação desta guerra sangrenta que mata tantas crianças e volta a apelar a um cessar-fogo.
“Todos os dias telefono à paróquia de Gaza, todos os dias. A situação é muito má.. E não vejo que se desencadeiem passos a favor da paz”, sublinhou.
O Papa critica Israel por bombardear escolas com pessoas deslocadas na "presunção" de que está a atingir militantes do Hamas.
“Por favor, quando vemos os corpos de crianças mortas, quando vemos que, sob a presunção de que há guerrilheiros, uma escola é bombardeada, isso é feio”, lamenta.
Francisco também manifestou a intenção de visitar a China, um país com uma cultura milenar que respeita e admira.
“Para mim, a China é uma ilusão, no sentido em que gostaria de visitar a China, que é um grande país. Eu admiro a China, respeito a China. É um país de uma cultura milenar, com uma capacidade de diálogo de compreensão mútua, é um país que ultrapassa os diversos regimes políticos que teve. Creio que a China é uma promessa e uma esperança para a Igreja”, salientou.
Francisco também pretende visitar as ilhas Canárias, arquipélago entre a Europa e África que está na linha da frente da crise dos migrantes.
“Eu penso ir às Canárias, porque ali há problemas com migrantes que vêm pelo mar e gostaria de estar próximo dos governantes e do povo das Canárias”, declarou.
Papa no sudeste Asiático
No final da eucaristia, Francisco reafirmou que o (...)
A passagem por Timor-Leste foi um dos pontos altos da digressão do Papa pelo sudeste asiático. Nesta conversa com os jornalistas a bordo do avião, Francisco explicou o discurso em que alertou para o perigo dos “crocodilos” que querem mudar a história.
“Timor-Leste tem uma cultura simples, familiar, alegre. É uma cultura de vida e com tantas crianças, tantas. Quando falei dos crocodilos, falei das ideias que podem surgir de fora para arruinar esta harmonia que vocês têm. E devo dizer uma coisa: fiquei enamorado por Timor-Leste”, confessou.
Questionado sobre os abusos de menores, praticados por figuras da Igreja, o Papa considerou que “os pecados públicos devem ser condenados” e reafirmou que “o abuso é uma coisa demoníaca porque destrói a pessoa, feita à imagem de Deus”.