12 set, 2024 - 01:28 • Marisa Gonçalves
A Venezuela mantém-se mergulhada num clima de tensão social e política, após as eleições presidenciais de julho passado. O dia a dia dos venezuelanos é vivido com apreensão e receio face ao redobrado controlo feito pelas autoridades, adianta à Renascença Elio Pestana, da Associação Luso-Venezuelana de Cooperação e Desenvolvimento em Portugal (Alusven).
“As pessoas continuam a minimamente a fazer a sua vida, mas existem novas rotinas que têm de fazer. Por exemplo, no início da manhã, têm de limpar todos os registos das redes sociais, como WhatsApp e Instagram porque ninguém sabe se na rua, alguém da polícia política vai pedir para ver o conteúdo do telemóvel”, relata.
Elio Pestana diz que, por agora, não têm ocorrido manifestações nas ruas, mas sublinha que o povo não deixa de sentir a necessidade de realizar novos protestos.
“Queremos voltar à rua dia 28 porque vão passar dos meses (depois das eleições) e será uma demostração importante, tal como aconteceu no dia 17 de agosto, quando cerca de 400 cidades mundiais mostraram aos venezuelanos que estão com eles”, adianta.
Edmundo González, o opositor de Nicolás Maduro, deixou o país rumo ao exílio em Espanha.
Elio Pestana acredita que dessa forma, estando no exterior, poderá ser mais útil à defesa do povo venezuelano.
“Ele tinha de se esconder dentro de uma casa até dia 10 de janeiro, que é o dia que, segundo a Constituição venezuelana, deve tomar posse o novo Presidente. Assim Edmundo González não ia conseguir nada. Sendo a pessoa que é, um diplomata de carreira, vai conseguir fazer mais deste lado do que estando lá. Para além disso, não podemos pensar o exílio como era há 20 anos. Estamos num mundo em que uma videochamada e uma videoconferência põe qualquer líder em qualquer sítio. Isso é muito importante”, frisa.
O responsável pela Alusven diz que continua a receber pedidos de ajuda para que sejam enviados medicamentos, material escolar e alguns essenciais para a Venezuela.
“A nossa missão é colaborativa e, para isso, procuramos apoio junto das empresas. Temos associações lá que entram em contacto connosco, também ligadas à Igreja, que interagem connosco e expressam aquilo que precisam. O mais importante é que a Venezuela mude”, remata.