02 set, 2024 - 17:32 • Reuters
Se as reivindicações da China sobre Taiwan são sobre integridade territorial, então o país também deve recuperar da Rússia as terras cedidas pela última dinastia chinesa no século XIX, disse o presidente de Taiwan, Lai Ching-te, numa entrevista à imprensa de Taiwan.
A China olha para Taiwan como parte do seu próprio território e nunca renunciou ao uso da força para colocar a ilha sob seu controle. Já o governo de Taiwan rejeita essas alegações, dizendo que apenas o povo da ilha pode decidir o seu futuro.
Durante uma entrevista a uma emissora de televisão, transmitida na noite de domingo, Lai, que a China apelida de "separatista", recordou o Tratado de Aigun de 1858, no qual a China cedeu uma vasta extensão de terra à Rússia, e que hoje forma grande parte da atual fronteira ao longo do Rio Amur. A dinastia Qing da China, então em declínio, começou por se recusar a ratificar esse tratado, mas ele acabaria por ser assinado dois anos depois na Convenção de Pequim.
"A intenção da China de atacar e anexar Taiwan não é por causa do que qualquer pessoa ou partido político em Taiwan diz ou faz. Não é por uma questão de integridade territorial que a China quer anexar Taiwan", disse Lai. "Se é pelo bem da integridade territorial, por que não recupera as terras ocupadas pela Rússia que foram cedidas no Tratado de Aigun? A Rússia está agora no seu momento mais fraco?", questionou.
"Com o Tratado de Aigun, assinado durante a dinastia Qing, podiam pedir à Rússia o território de volta, mas não o fazem. Então é óbvio que não querem invadir Taiwan por razões territoriais", acrescentou.
O Escritório de Assuntos de Taiwan da China não respondeu a um pedido de comentário por parte da Reuters.
Para Lai, o que a China pretende realmente fazer em relação a Taiwan é mudar a ordem internacional: "Quer alcançar a hegemonia na área internacional, no Pacífico Ocidental — esse é o verdadeiro objetivo."