30 ago, 2024 - 23:21 • Lusa
Pelo menos 20 pessoas foram mortas em três dias numa vasta operação lançada pelas forças israelitas na Cisjordânia, todos combatentes palestinianos, segundo o Exército, incluindo três membros do grupo islamita Hamas, em guerra com Israel na Faixa de Gaza.
Na Cisjordânia ocupada, um território palestiniano separado da Faixa de Gaza, o Exército israelita disse ter eliminado esta sexta-feira três combatentes do Hamas em Jenin, incluindo o comandante do grupo islamista na cidade, Wissam Khazem, e um quarto homem, de 82 anos, segundo a agência palestiniana Wafa.
O Ministério da Saúde palestiniano registou 20 mortes desde quarta-feira, que incluem dois adolescentes de 13 e 17 anos, de acordo com o Crescente Vermelho.
O Hamas, no poder desde 2007 na Faixa de Gaza, e a Jihad Islâmica informaram que pelo menos 13 dos mortos eram combatentes dos seus ramos armados.
Ocupação ilegal
As novas incursões coincidem com um apelo do minis(...)
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, apelou na quinta-feira ao "fim imediato" da operação na Cisjordânia, "condenando veementemente a perda de vidas humanas, sobretudo de menores".
O Exército israelita lançou esta operação, descrita como "antiterrorista", enviando colunas de veículos blindados apoiados por aeronaves para Jenin, Tulkarem, Toubas e os seus campos de refugiados, redutos de grupos armados ativos contra a ocupação de Telavive.
Os militares israelitas relataram também a detenção de 17 "suspeitos de atividades terroristas" e a apreensão de "grandes quantidades de armas".
O gabinete de assuntos humanitários da ONU, OCHA, alertou para o risco de operações militares realizadas "perto dos hospitais" e para os "graves danos" infligidos às infraestruturas, à semelhança do que sucede na Faixa de Faixa de Gaza.
Esta sexta-feira, as forças israelitas operavam apenas em Jenin, após a retirada de Toubas e Tulkarem, disseram os habitantes locais à agência France Presse (AFP).
No campo de Nour Chams, em Tulkarem, os residentes fizeram um balanço dos danos em frente a edifícios destruídos e estradas intransitáveis: "Somos uma segunda Gaza", lamentou Nayef Alaajmeh à AFP.
A diplomacia de Londres disse estar "profundamente preocupada com os métodos" de Israel, apelando para uma "desescalada urgente".
Para a França, estas operações "agravam um clima (...) de violência sem precedentes", e Espanha criticou "um surto de violência (...) claramente inaceitável".
Na Faixa de Gaza, a organização não-governamental norte-americana Anera relatou hoje a morte, no dia anterior, num ataque israelita, de quatro habitantes do enclave que tinham "pedido para assumir o controlo do veículo líder" de uma das suas caravanas humanitários, sem que a sua presença tenha sido "previamente coordenada".
O Exército israelita indicou ter realizado um "ataque preciso" depois de "atacantes armados terem assumido o controlo do veículo".
Os serviços de emergência do enclave registaram hoje novos ataques israelitas que fizeram pelo menos três mortos no leste de Khan Yunis (sul), e outros dois, incluindo uma criança, no campo de refugiados de Jabaliya (norte).
Antes do ataque à caravana da Anera, realizado segundo a ONG "sem aviso prévio" do Exército, o Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU anunciou na quarta-feira que iria suspender os seus movimentos no território sitiado, um dia após um dos seus veículos ter sido atingido a tiro por militares israelitas.
Entretanto, o Exército anunciou esta sexta-feira que encerrou as suas operações terrestres nas regiões de Khan Younis e Deir al-Balah (centro).