19 ago, 2024 - 18:18 • Reuters e Lusa
A República Democrática do Congo espera receber as primeiras vacinas contra a mpox na próxima semana, afirmou o ministro da Saúde do país, revelando que recebeu garantias de envio dos Estados Unidos e do Japão.
"Acabámos de falar com a USAID e o governo dos Estados Uidos. Espero que na próxima semana possamos ver chegar as vacinas", afirmou aos jornalistas o ministro Samuel-Roger Kamba.
A KM Biologics, empresa sediada no Japão, é uma das produtoras de vacinas contra a mpox e o país tem reservas disponíveis. Outra produtora é a dinamarquesa Bavarian Nordic BAVA.CO.
Fora de ensaios clínicos, nenhuma destas vacinas tem estado disponível no Congo ou no resto do continente africano, onde a doença é endémica há décadas.
Na semana passada, o grupo global de vacinas Gavi anunciou que tem 500 milhões de dólares disponíveis para fazer chegar doses aos países mais afetados pelo novo surto da doença, confirmou a diretora executiva Sania Nishar à Reuters.
“O Grupo de Vacinas Gavi ofereceu-se para disponibilizar vacinas e nós aceitámos”, referiu o ministro da Saúde do Congo.
Dados revelados por Samuel-Roger Kamba a 15 de agosto indicam que a epidemia de mpox matou 548 pessoas na República Democrática do Congo (RDC) desde o início do ano e afeta agora todas as províncias.
De acordo com o último relatório epidemiológico, a RDC "registou 15.664 potenciais casos e 548 mortes desde o início do ano", declarou numa mensagem vídeo enviada à agência France Presse AFP).
“Probabilidade de transmissão sustentada na Europa é muito baixa”, diz ECDC
A Comissão Europeia garantiu hoje "todo o apoio necessário" aos países da União Europeia (UE) perante eventuais casos importados de mpox (anteriormente conhecida como monkeypox), após a nova variante, mais perigosa, ter aparecido quinta-feira na Suécia, importada de África.
"Hoje falei com o ministro dos Assuntos Sociais e da Saúde Pública da Suécia, Jacob Forssmed, para discutir os últimos desenvolvimentos após a notificação do caso mpox clade 1 na Suécia. A vigilância e preparação são de extrema importância", escreveu a comissária europeia da tutela, Stella Kyriakides, numa publicação na rede social X (antigo Twitter).
"A UE continuará a prestar todo a apoio necessário", garantiu a responsável.
A posição surge no dia em que a UE aborda novas medidas, numa reunião técnica em resposta à emergência de saúde pública internacional declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) face ao atual surto de mpox na República Democrática do Congo.
A reunião é do Comité de Segurança da Saúde da União Europeia, composto por especialistas da Comissão Europeia e dos Estados-membros, que coordena a resposta rápida da UE às ameaças sanitárias transfronteiriças graves.
Na sexta-feira, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) estimou ser "altamente provável" que a União Europeia tenha mais casos importados de mpox, após a nova variante ter aparecido na quinta-feira na Suécia importada de África.
"Numa nova avaliação de risco, o ECDC afirmou que é altamente provável que a UE/EEE [União Europeia e Espaço Económico Europeu] venham a registar mais casos importados de varíola causada pelo vírus da clade I que circula atualmente em África", a variante mais perigosa da doença.
Ainda assim, o centro europeu refere que "a probabilidade de transmissão sustentada na Europa é muito baixa, desde que os casos importados sejam diagnosticados rapidamente e que sejam aplicadas medidas de controlo".
Ainda na sexta-feira, a Direção-Geral da Saúde esclareceu que nenhum dos casos de mpox reportados em Portugal é da variante mais perigosa da doença (clade I).
Na quinta-feira, depois de a Suécia ter registado o primeiro caso de uma variante mais contagiosa e perigosa da doença, a OMS alertou para a possibilidade de serem detetados na Europa outros casos importados de mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos.
A OMS já tinha declarado, na quarta-feira, o surto de mpox em África como emergência global de saúde, com casos confirmados entre crianças e adultos de mais de uma dezena de países e uma nova variante em circulação. A organização apelava então a uma resposta unificada perante a expansão da doença.
Esta é a segunda vez em dois anos que a doença infecciosa é considerada uma potencial ameaça para a saúde internacional, um alerta que foi inicialmente levantado em maio do ano passado, depois de a sua propagação ter sido contida e a situação ter sido considerada sob controlo.
A nova variante pode ser facilmente transmitida por contacto próximo entre dois indivíduos, sem necessidade de contacto sexual, e é considerada mais perigosa do que a variante de 2022.