17 ago, 2024 - 18:36 • Lusa
O ministro da Saúde sudanês declarou este domingo uma epidemia de cólera, numa altura em que chuvas torrenciais atingem há várias semanas o Sudão, país devastado por conflitos sucessivos.
"Estamos a declarar uma epidemia de cólera devido às condições climáticas e à contaminação da água potável", disse o ministro da Saúde do Sudão, Haitham Ibrahim, numa mensagem de vídeo.
Esta decisão foi tomada em consulta "com as autoridades de saúde do estado de Cassala, agências da Organização das Nações Unidas (ONU) e especialistas" após a "descoberta do vírus da cólera pelo laboratório de saúde pública", indicou o governante.
Os estados de Cassala e Gadarife, na zona este do Sudão, são particularmente afetados pela epidemia, referiu o ministro da Saúde, sem especificar o número de casos detetados.
Durante várias semanas, o Sudão foi atingido por chuvas torrenciais, que deslocaram milhares de pessoas e trouxeram a sua quota-parte de doenças com um aumento de casos de diarreia, especialmente entre as crianças.
No estado de Cassala, particularmente afetado, as autoridades apelaram à ajuda "urgente" e "imediata" da comunidade internacional.
A cólera é uma infeção do intestino delgado causada por uma bactéria (Vibrio Cholerae) devido à ingestão de alimentos ou água contaminados, provocando uma forma de diarreia infecciosa aguda que, se não for tratada, pode causar a morte em poucas horas.
De 1 de janeiro a 28 de julho de 2024, foram identificados 307.433 casos de cólera e 2.326 mortes em 26 países, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
No Sudão, uma guerra opõe o exército, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhane, aos paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FSR) do seu ex-adjunto, o general Mohamed Hamdane Daglo, desde abril de 2023.
Ambos os lados foram acusados de crimes de guerra, incluindo bombardeamentos indiscriminados de áreas povoadas neste conflito que deixou dezenas de milhares de mortos e deslocou mais de 10 milhões de pessoas, de acordo com a ONU.
Foram também acusados de extorquir dinheiro e obstruir a ajuda humanitária, bem como de quase destruir um sistema de saúde já frágil.
Embora o país esteja mergulhado "numa das piores crises humanitárias da memória recente", segundo a ONU, a grande maioria das operações humanitárias foi interrompida.