15 ago, 2024 - 16:30 • Miguel Coelho com Lusa
A Casa Branca afirma que as negociações para um cessar-fogo na faixa de Gaza tiveram um inicio prometedor.
As conversações arrancaram esta quinta-feira no Qatar, com a presença de responsáveis norte-americanos. Washington diz que o diálogo deve prosseguir na sexta-feira, mas avisa que, dada a complexidade dos trabalhos, não se deve esperar um acordo imediato.
O porta-voz do Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos, John Kirby, reafirmou a necessidade de serem libertados os reféns em poder do Hamas e de ser aliviada a situação dos civis palestinianos em Gaza, mas também de obter garantias de segurança para Israel e de diminuição das tensões no Médio Oriente.
Recorde-se que começou esta quinta-feira em Doha, Qatar, a reunião promovida pelos mediadores internacionais para discutir um acordo de cessar-fogo em Gaza e deverá prolongar-se durante vários dias.
A reunião foi convocada pelos Estados Unidos, Qatar e Egito, que têm servido como mediadores no conflito na Faixa de Gaza, em curso há mais de dez meses, para pressionar Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas a aceitar uma trégua, apelando a que se chegue a um acordo sem mais demoras.
Em cima da mesa está um acordo que permitiria a troca dos 111 reféns israelitas ainda detidos em Gaza pela libertação de prisioneiros palestinianos em Israel, apesar de as partes estarem em confronto há meses sobre uma linha vermelha: o fim definitivo dos combates e a retirada das tropas israelitas do enclave.
No entanto, o Hamas recusou participar nestas negociações, pedindo que seja aplicado o que já foi acordado, com base no roteiro de paz proposto pelo Presidente norte-americano, Joe Biden. Os porta-vozes dos EUA asseguraram entretanto que o Qatar está a trabalhar para garantir que o grupo islamita esteja representado na reunião.
Os mortos palestinianos atingiram hoje o número de 40.005, onde se incluem mais de 16.400 menores, após a contabilização de mais 40 vítimas mortais por ataques israelitas nas últimas 24 horas, de acordo com dados do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas.
Os feridos em 314 dias de guerra ascendem a 92.401, depois de somados os 107 novos feridos que deram entrada no último dia nos hospitais da Faixa de Gaza, onde mais de dois milhões de pessoas, a quase totalidade da população, está deslocada devido ao conflito.
O Governo do Hamas adiantou que 36 pessoas -- a maioria crianças -- morreram de fome e que há outros 3.500 menores em risco de morte por desnutrição face às restrições à entrada de ajuda humanitária.
Adiantou ainda que 175 centros de abrigo, como escolas, centros médicos e mesquitas, foram atacados pelas forças israelitas.
Cerca de 12 mil feridos devem viajar para o estrangeiro para receberem tratamento médico. Há 10 mil doentes com cancro e outros três mil doentes com outras patologias em risco de morte e que necessitam de tratamento fora do território. Há ainda 1,7 milhões de habitantes de Gaza com doenças infeciosas devido à sobrelotação nos centros de refugiados com condições de higiene deficientes.
O Exército israelita mantém a sua ofensiva terrestre em Rafah e Khan Yunis, no sul do enclave, assim como na cidade de Gaza e na zona centro, além de desencadear ataques aéreos diários em todo o território, contabilizando-se mais de 30 nas últimas horas.
Israel declarou em 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando 1.194 pessoas, na maioria civis.
Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, 111 dos quais permanecem em cativeiro e 41 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço do Exército israelita.