09 ago, 2024 - 07:27 • Lusa
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou que a rede social X vai ser "retirada da circulação" durante dez dias, prometendo que vai "enfrentar a espionagem do império tecnológico"
A agência que gere as telecomunicações venezuelanas "decidiu retirar a rede social X durante dez dias da circulação", disse Maduro, sublinhando que a decisão resultou de uma proposta sua. A declaração foi feita na quinta-feira (8), durante uma manifestação de apoiantes na capital, Caracas.
"Ninguém me vai calar, vou enfrentar a espionagem do império tecnológico. Elon Musk é o proprietário da X e violou todas as regras da rede social Twitter, agora X, e violou-as ao incitar ao ódio e ao fascismo", continuou Maduro. Acusa ainda o bilionário norte-americano de conspirar contra ele regularmente. Contudo, Maduro não especificou que forma assumiria esta "retirada de circulação". As autoridades venezuelanas (personalidades, ministérios, agências governamentais) estão presentes nas redes sociais, onde comunicam amplamente.
Na segunda-feira, o Presidente anunciou que se retirava da plataforma de mensagens Whatsapp, ao mesmo tempo que criticava as redes sociais em geral por tentarem um "golpe ciberfascista criminoso", na sequência da contestação à sua eleição.
Na sexta-feira, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela ratificou a vitória de Maduro com 52% dos votos, mas não tornou pública a contagem exata dos votos nem as atas das assembleias de voto, alegando que o sistema tinha sido pirateado. De acordo com a oposição, que publicou as atas obtidas pelos seus agentes de voto e cuja validade é rejeitada por Maduro, Edmundo Gonzalez Urrutia ganhou as eleições com 67% dos votos.
A oposição e muitos observadores acreditam que a pirataria informática do CNE é uma alegação falsa do Governo para evitar ter de publicar as atas das mesas de voto. Maduro e as autoridades acusaram repetidamente Musk de envolvimento no ataque informático ao CNE.
Os distúrbios que se seguiram à proclamação da vitória do Presidente causaram 24 mortos desde 28 de julho, de acordo com um balanço atualizado, divulgado na terça-feira por organizações de direitos humanos, incluindo a divisão das Américas da Human Rights Watch.