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Presidenciais EUA 2024

Kamala Harris, "guerreira alegre", promete dar prioridade a famílias da classe média

08 ago, 2024 - 00:36 • João Pedro Quesado com Reuters

No segundo dia da primeira ronda da campanha pelos estados decisivos, a vice-presidente voltou a apresentar Tim Walz e a argumentar que as políticas de Donald Trump vão pôr os EUA a andar para trás.

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Kamala Harris prometeu esta quarta-feira dar prioridade à classe média se for eleita para a Casa Branca nas eleições de 2024. Num comício nos arredores de Denver, no importante estado do Michigan, a campanha do Partido Democrata continuou a apresentação de Tim Walz aos eleitores, usando as origens do Midwest norte-americano do governador do Minnesota para mostrar a proximidade da candidatura aos norte-americanos fora das grandes cidades.

"Quando for Presidente, a minha prioridade no primeiro dia vai ser reduzir os preços, enfrentar as grandes empresas que se envolvem em manipulação ilegal de preços, enfrentar os senhorios empresariais que aumentam injustamente as rendas para as famílias trabalhadoras, enfrentar a indústria farmacêutica e limitar o custo dos medicamentos de receita médica para todos os americanos", declarou a vice-presidente dos EUA.

Virando para o ataque, Harris avisou que Donald Trump quer "levar a nossa nação para trás" e prejudicar a classe média com as políticas do Projeto 2025 - que Trump tem rejeitado, apesar das ligações óbivas através de ex-funcionários da sua Casa Branca, além de reuniões com os líderes ideológicos do projeto.

A campanha Harris-Walz afirmou que o comício desta quarta-feira no Michigan foi o maior até agora, com cerca de 15 mil pessoas a participar (27 mil ao todo nos dois comícios desta quarta). O evento decorreu num modelo idêntico a muitos de Donald Trump: num hangar de um aeroporto, com o avião - neste caso, o Air Force Two - a parar à vista da multidão. Kamala Harris e Tim Walz saíram do avião ao som da música que se tornou no hino da campanha democrata: "Freedom", de Beyoncé.

Kamala Harris também alertou que Donald Trump vai voltar a cortar os impostos às grandes empresas, e tentar de novo acabar com o programa de saúde acessível - o famoso ObamaCare, que foi salvo pelos votos de três republicanos no Senado em 2017, com John McCain à cabeça.

"Ao contrário de Donald Trump, vou sempre colocar a classe média e as famílias trabalhadoras primeiro", disse a vice-presidente, para quem "quando a classe média é forte, a América é forte".

O contraste desenhado por Harris passa ainda pela atitude de ambas as candidaturas. "Somos os guerreiros alegres", proclamou, ao recordar a mudança de sentimento entre os Democratas desde que Joe Biden desistiu da recandidatura à Casa Branca.

Desde aí, Kamala Harris já apagou a liderança de Trump nas sondagens, e o entusiasmo levou a um dilúvio de donativos à campanha - excedendo os 300 milhões de dólares em julho, e conseguindo 36 milhões nas 24 horas após o anúncio de Tim Walz como parceiro.

Os Democratas consideram o Wisconsin e o Michigan estados onde a vitória é obrigatória nas eleições de 5 de novembro. Hillary Clinton não segurou esta parte da "Blue Wall" (juntamente com a Pensilvânia) em 2016, mas Joe Biden reconquistou-a em 2020. As sondagens mostram uma eleição renhida nestes estados, que provavelmente vai ser outra vez decidida por poucas dezenas de milhar de votos.

Protestos por Gaza entram na campanha

Quando Biden era o candidato, as sondagens indicavam que grande parte da população árabe e muçulmana nestes estados estava furiosa com o Presidente. A causa? A resposta norte-americana à prolongada retaliação de Israel pelo ataque do Hamas a 7 de outubro, criando uma crise humanitária na Faixa de Gaza.

O tema, que se esperava ressurgir com força caso Josh Shapiro - governador da Pensilvânia e judeu, crítico de Netanyahu mas também dos protestos nas universidades - fosse o escolhido para candidato a vice, voltou no comício em Detroit. Um grupo de manifestantes pró-Palestina interrompou o discurso de Kamala Harris, gritando "Kamala não te podes esconder, não vamos votar pelo genocídio".

Harris parou o discurso, declarando que acredita na democracia e na importância de cada voz. Depois, acrescentou "sou eu que estou a falar agora". Quando o protesto continuou, Kamala foi mais assertiva: "Sabem que mais? Se querem que Donald Trump ganhe, então digam isso. De outra forma, estou a falar".

O primeiro comício do dia foi em Eau Claire, no Wisconsin. Aí, a campanha apostou nas raízes de Tim Walz no Midwest e sublinhou a importância do estado no caminho para a vitória.

O governador do Minnesota brincou que finalmente havia um candidato a saber pronunciar o nome da cidade, e declarou que usou "com orgulho o uniforme desta nação".

Encontro imediato com JD Vance

Com Trump largamente parado durante esta semana - apenas vai fazer um comício, na sexta-feira no Montana, e para apoiar a tentativa de um republicano derrotar um democrata na eleição para o Senado - JD Vance ficou com a responsabilidade de representar a campanha na estrada.

Com eventos comparativamente muito pequenos do lado republicano, os aviões das duas campanhas cruzaram-se em Eau Claire. Vance aproveitou a oportunidade para caminhar até ao Air Force Two - nome da aeronave que transporta a vice-presidente -, perguntando aos jornalistas no local porque é que Harris não responde mais vezes às perguntas espontâneas deles.

"Vim tentar ver este avião que vai ser meu daqui a uns meses", declarou JD Vance, enquanto a comitiva de Kamala Harris abandonava o local.

Kamala Harris e JD Vance adiaram eventos de quinta-feira na Geórgia e Carolina do Norte devido à tempestade tropical Debby.

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