08 ago, 2024 - 15:38 • Fábio Monteiro , João Pedro Quesado
Esta quinta-feira, Puigdemont apareceu, discursou e desapareceu. Isto, apesar de a polícia da Catalunha, os Mossos d`Esquadra, ter montado uma operação - "Operação Jaula" - com o propósito de deter o ex-presidente do governo da Região Autónoma, que, há sete anos, havia saído de Espanha.
Como num truque de magia, Carles Puidgemont evaporou-se (alegadamente com a ajuda de um elemento das forças policiais) sem deixar rasto. E deixou a investidura do novo Governo, liderado pelo Partido Socialista da Catalunha, num caos.
A polícia regional, os Mossos d'Esquadra, anunciou a detenção de dois dos seus agentes, suspeitos de colaborar na fuga de Puigdemont. Um dos agentes é o dono do carro que terá sido usado como veículo de fuga.
Os Mossos d'Esquadra disseram ainda que tentaram impedir a fuga do carro, mas que não conseguiram, acrescentando que tinham a intenção de deter Carles Puigdemont no regresso deste à Catalunha, mas numa altura que evitasse desordem pública.
Segundo a Reuters, um pequeno grupo de agentes leais a Puigdemont, que lhe forneceu segurança enquanto este estava na França, está envolvido nesta fuga. O grupo fazia parte de uma unidade especial criada pelo anterior governo regional e desmantelada pelo atual. "Temos um problema com esse grupo e sabíamos disso", cita a Reuters.
Segundo o jornal “ABC”, esta tarde, já com o debate da investidura a decorrer, os Mossos d`Esquadra reativaram a “Operação Jaula”. Isso levou o presidente do Junts per Catalunya, Albert Batet Canadell, a pedir a suspensão devido à falta de “condições de normalidade democrática".
A sessão não foi interrompida, e Salvador Illa, líder do Partido Socialista da Catalunha, foi eleito na primeira ronda como líder do governo e presidente da Generalitat. A eleição foi conseguida com o apoio dos independentistas do ERC e dos comunistas, cujos objetivos principais são a soberania fiscal da região, o fim da caixa espanhola de investimentos e proteger o modelo monolingue do catalão no sistema educativo, de acordo com o "El Mundo".
Os socialistas não governavam a Catalunha há 14 anos. Na rede social X, Pedro Sánchez, o presidente do governo espanhol, elogiou Salvador Illa, declarando que é "exatamente o que a Catalunha precisa".
Para Alberto Núñez Feijóo, líder do Partido Popular, foi Sánchez que "tirou o Estado da Catalunha", e a "indignidade" dos acontecimentos desta quinta-feira "pertence ao Governo, mas não à Espanha ou ao povo espanhol".
Carles Puigdemont está sob um mandado de detenção por peculato relacionado com o referendo da independência da Catalunha em 2017, considerado ilegal pelos tribunais espanhóis. Puigdemont mantém que o referendo foi legal e que as acusações não são válidas.
O parlamento espanhol aprovou, em maio, uma lei de amnistia para os acusados com base no referendo de 2017, mas o Supremo Tribunal manteve os mandados para Puigdemont e duas outras pessoas, determinando que a lei não se aplica a estas pessoas.
[notícia atualizada às 19h58]