08 ago, 2024 - 22:17 • Ricardo Vieira, com Reuters
Manuel Chang, antigo ministro moçambicano das Finanças, foi condenado esta quinta-feira nos Estados Unidos por participação numa fraude de dois mil milhões de dólares.
Em causa estão empréstimos a três empresas estatais para desenvolver a indústria pesqueira em Moçambique.
Os jurados consideraram Manuel Chang culpado de conspiração para cometer fraude eletrónica e conspiração para cometer lavagem de dinheiro no caso conhecido como “Títulos de atum”.
O julgamento durou três semanas e realizou-se no tribunal federal de Brooklyn, em Nova Iorque.
Chang tenciona recorrer da condenação, disse o advogado de defesa, Adam Ford, aos jornalistas à saída do tribunal.
De acordo com a acusação, a empresa de construção naval Privinvest pagou a Manuel Chang sete milhões de dólares em subornos em troca da aprovação de uma garantia do Governo de Maputo para empréstimos a três empresas estatais para desenvolver a indústria pesqueira do país africano e melhorar a segurança marítima.
Os empréstimos foram concedidos pelo Credit Suisse e pelo banco russo VTB.
O antigo ministro das Finanças recebeu a verba através de uma conta num banco suíço, controlada por um amigo, enquanto que outros responsáveis moçambicanos combinavam subornos com a Privinvest numa tentativa para encobrir Chang, segundo o Ministério Público.
Os projetos acabaram por ruir e as companhias estatais ficaram em situação de falência devido aos empréstimos contraídos, deixando os investidores com perdas de milhões de dólares.