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Esfaqueamento em Inglaterra. O que se sabe sobre a vítima portuguesa e o "personal trainer" que parou para ajudar

30 jul, 2024 - 21:59 • Marta Pedreira Mixão

Às 11h47 de segunda-feira ocorreu um ataque com faca num workshop de dança temático inspirado na Taylor Swift, uma aula que se destinava a crianças dos seis aos 11 anos. O suspeito entrou armado com uma faca e começou a atacar as crianças. Quem são as vítimas deste ataque e quem é o herói que parou para ajudar?

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Populares criaram memorial improvisado com peluches em memória das crianças assassinadas em Southport. Foto: Adam Vaughan/EPA
Populares criaram memorial improvisado com peluches em memória das crianças assassinadas em Southport. Foto: Adam Vaughan/EPA
Esfaqueamento em Southport. Foto: Adam Vaughan/EPA
Esfaqueamento em Southport. Foto: Adam Vaughan/EPA

Três crianças morreram e dez pessoas ficaram feridas num esfaqueamento ocorrido na segunda-feira durante um evento de dança inspirado na Taylor Swift, em Southport, no noroeste de Inglaterra.

As autoridades detiveram um suspeito de 17 anos. O jovem, natural de Cardiff, no País de Gales, foi detido na localidade Banks. De acordo com a polícia, até ao momento, não são conhecidas as motivações do atacante.

O que aconteceu?

Às 11h47 de segunda-feira ocorreu um ataque com faca num workshop de dança temático inspirado na Taylor Swift num estúdio de ioga para crianças. De acordo com as mensagens publicadas nas redes sociais pelo estúdio que acolheu o evento, a aula destinava-se a crianças dos seis aos 11 anos.

O que se sabe sobre as vítimas?

Três crianças morreram na sequência do ataque. Outras oito crianças ficaram feridas e cinco estão em estado crítico.

As crianças mortas foram agora identificadas como Alice Dasilva Aguiar, de nove anos; Bebe King, de seis anos; e Elsie Dot Stancombe, de sete anos.

A vítima de nacionalidade portuguesa, Alice Dasilva Aguiar, morreu esta terça-feira de manhã em consequência dos ferimentos sofridos durante o ataque, segundo informou a polícia de Merseyside num comunicado.

Alice nasceu em Inglaterra, a 15 de outubro de 2014, estava inscrita no Consulado de Portugal em Manchester e era filha única. Os pais são naturais da Quinta Grande, na ilha da Madeira.

Há também dois adultos que ficaram feridos no incidente quando tentavam proteger as crianças e estão em estado crítico.

A instrutora de ioga Leanne Lucas, que liderava o workshop temático com a sua colega Heidi Barlow, também se encontra entre os feridos hospitalizados.

Quem é o "personal trainer" que parou para ajudar?

Joel Verite, um "personal trainer" que também trabalha como limpador de janelas, estava na sua pausa de almoço, com o seu colega, quando ouviu os gritos de uma mulher que tinha fugido do local.

"Estávamos a ouvir música no nosso mundo, depois ele [o colega] travou a fundo e tudo o que consigo ver do meu lado é uma rapariga pendurada na lateral do carro", contou numa entrevista de 10 minutos à "Sky News".

"Saltei do carro e perguntei-lhe se ela estava bem. Ela parecia estar em choque e tinha sangue pelo corpo todo", relatou, explicando que ela gritava "ele está a matar crianças ali". Foi então que Verite se apercebeu de que a mulher estava ferida e foi em direção ao local para onde esta apontava.

Ao chegar ao local, encontrou outra mulher num carro com "quatro ou cinco crianças cobertas de sangue" na parte de trás, que lhe terá dito que só queria "ter a certeza de que estas crianças estão seguras."

Antes de correr para a entrada do edifício, o "personal trainer" conta que ainda ajudou uma jovem: "Queria pô-la em segurança, mas não sabia onde era seguro. Estava a gritar por uma ambulância".

Verite relata que entrou no edifício e viu o suspeito do ataque no cimo das escadas.

"Abri a porta e havia uma escada. Gritei para ver se estava lá alguém. Olhei para cima e estava um tipo de fato de treino com uma faca", descreveu à "Sky News", dizendo que cruzaram o olhar.

"Tudo o que vi foi uma faca e pensei: 'Há mais pessoas lá dentro', e só queria magoá-lo, mas tinha medo por mim e queria ajudar as pessoas. Por isso, vim cá para fora e gritei porque sabia onde ele estava", descreve, afirmando que, antes de regressar ao parque de estacionamento, partiu a porta para evitar que o suspeito fugisse.

Verite disse que aguardou o que "parecia uma eternidade" até chegar o primeiro agente que lhe terá dito para esperar por reforços antes de entrar no estúdio de dança. Quando outro agente chegou com um "taser" entraram no estúdio, onde, segundo explicou, o agressor foi detido.

Joel Verite refere que ainda ficou no local a apoiar as vítimas e a tentar ajudar os socorristas.

O "personal trainer" foi pai recentemente e admitiu que, por isso, esta "foi uma das coisas mais difíceis" para si, "ver estas crianças naquela situação". "As crianças não estavam a chorar, estavam absolutamente aterrorizadas", disse.

"Não vou rotular-me de herói. Estou feliz por ter feito o que fiz, e estou feliz por ter conseguido salvar pelo menos uma vida - se não mais".

Escola presta homenagem a duas crianças mortas no ataque

Uma escola primária em Southport prestou homenagem a duas das crianças mortas no ataque. A criança de nacionalidade portuguesa, Alice Dasilva Aguiar, era aluna do quarto ano da Churchtown Primary School e Bebe King, de seis anos, também tinha frequentado a escola.

"Alice era a mais feliz das almas, um verdadeiro raio de sol. Era conhecida e amada por toda a gente na nossa comunidade escolar de 700 crianças, o que prova a sua capacidade única de se relacionar com os outros", descreveu a escola em comunicado.

A nota referia como "o sorriso radiante de Alice iluminava os nossos dias e ela abraçava todos os aspetos da vida escolar com entusiasmo e alegria", acrescentando: "Alice, terás sempre um lugar especial nos nossos corações em Churchtown".

A mesma escola descreveu Bebe como uma "rapariga alegre" com um grande amor pela aprendizagem.

"Todos os dias, vinha para a escola pronta para agarrar todas as oportunidades que lhe eram oferecidas e a diversão e o riso nunca estavam longe sempre que Bebe estava envolvida", lia-se no comunicado.

A escola detalha "a sua natureza atenciosa" e a forma como "assegurava sempre que todas as crianças se sentiam incluídas, quer fosse através de brincadeiras ou do trabalho em conjunto na sala de aula", garantindo que "a memória de Bebe viverá nos corações de todos os que a conheciam".

No comunicado, a escola lamentou a morte das crianças e manifestou a sua solidariedade com as famílias.

"Os nossos pensamentos imediatos e as nossas mais profundas condolências estão com as famílias e amigos de Alice e Bebe durante este período impossivelmente difícil".

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