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Vitória de Maduro contestada na Venezuela. Polícia dispara gás lacrimogéneo contra manifestantes

29 jul, 2024 - 22:42 • Ricardo Vieira

Maduro foi promulgado Presidente pelo Conselho Nacional Eleitoral e disse que derrotou "o fascismo" nas eleições de domingo. A União Europeia não irá reconhecer os resultados das eleições presidenciais da Venezuela até que os registos sejam tornados públicos e verificados por entidades independentes.

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O dia a seguir à vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais está a ser marcado por protestos em vários pontos da Venezuela.

Na capital Caracas, a Polícia disparou gás lacrimogéneo contra manifestantes que contestam o resultado eleitoral, avança a agência AFP.

Os manifestantes responderam às forças de segurança com o arremesso de pedras.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela proclamou esta segunda-feira oficialmente como Presidente Nicolás Maduro, após ter anunciado no domingo à noite que o líder chavista, no poder desde 2013, venceu as eleições, resultado rejeitado pela oposição.

Numa reação a esta decisão, centenas de motociclistas desfilaram pelas ruas de Caracas em protesto, adianta a agência EFE.

No domingo à noite, o CNE adiantou que Maduro foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,20% dos votos, à frente do candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia, que obteve pouco menos de 4,5 milhões (44,2%).

De acordo com o jornal "El Mundo", há indícios de "fraude massiva" na Venezuela, uma vez que 47% das atas dos resultados apontam para um vitória esmagadora do candidato da oposição Edmundo González, que terá conseguido 70% dos votos, contra 30% de Nicolás Maduro.

As restantes atas eleitorais foram levadas por funcionários da administração de Maduro ou por militares, antes que os dados fossem confirmados, indica a mesma fonte.

Maduro foi promulgado esta segunda-feira Presidente pelo Conselho Nacional Eleitoral e reagiu de imediato, realçando que alcançou a proeza de ter derrotado "o fascismo" nas eleições de domingo.

"Derrotar o fascismo, os demónios, as demónias, é um feito histórico e o nosso povo conseguiu, o nosso povo conseguiu de novo", sublinhou o líder chavista depois de receber das mãos do presidente do CNE, Elvis Amoroso, a credencial simbólica que lhe permitirá governar o país até 2031.

Maduro alertou para tentativas de golpe de Estado e nomeou o magnata norte-americano Elon Musk como o seu novo "arqui-inimigo".

"Há uma coisa a que chama redes sociais, que criam uma realidade virtual e quem controla essa realidade virtual? O nosso novo arqui-inimigo, o famoso Elon Musk", declarou o Presidente venezuelano.

As reações à vitória de Nicolas Maduro, para um terceiro mandato à frente dos destinos da Venezuela, não poderia causar reações mais extremadas. Por um lado, a oposição ao chavismo e vários países que se antagonizam com Maduro alegam a possibilidade de fraude, nas eleições de domingo, enquanto os aliados do líder venezuelano o felicitam pela vitória.

União Europeia pede “transparência máxima”

A União Europeia não irá reconhecer os resultados das eleições presidenciais da Venezuela até que os registos sejam tornados públicos e verificados por entidades independentes, anunciou, esta segunda-feira, Josep Borrell.

Em comunicado, o chefe da diplomacia da União Europeia apelou à "total transparência do processo eleitoral" na Venezuela.

Borrell disse também existirem relatos credíveis de interferência, irregularidades, problemas no registo de eleitores e cobertura noticiosa tendenciosa.

Nos Estados Unidos da América, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, foi um dos que manifestou desconfiança depois de o resultado ter sido anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral, um órgão dominado por apoiantes do chavismo.

Afirmou que os EUA têm “sérias preocupações de que o resultado declarado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano”.

Nove países latino-americanos pediram esta segunda-feira uma "revisão completa" dos resultados eleitorais na Venezuela. Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai divulgaram hoje um comunicado em que "exigem uma revisão completa dos resultados com a presença de observadores eleitorais independentes", bem como uma reunião sobre o tema sob a égide da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Numa primeira reação, o Governo venezuelano já ordenou a retirada imediata do pessoal diplomático na Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai.

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