28 jul, 2024 - 21:11 • Lusa
O líder da direção politica do Hamas, Ismail Haniyeh, pediu a celebração para o próximo sábado de um dia global de protestos contra a guerra e Gaza e a situação dos detidos palestinianos nas prisões israelitas.
"Esperamos que o 3 de agosto seja um dia decisivo, extraordinário a ativo em todas as regiões da Palestina, nos campos de refugiados e na diáspora", indicou em comunicado Haniyeh, que vive exilado no Qatar.
Entre os motivos invocados pelo líder político do grupo islamista inclui-se a "incapacidade" da comunidade internacional para "deter esta guerra agressiva contra o nosso povo e prisioneiros", e que é apoiada pelos Estados Unidos.
Haniyeh pediu que os protestos prossigam após 3 de agosto até "obrigar a ocupação sionista a parar a sua agressão e os seus crimes".
No seu comunicado, o líder do Hamas referiu-se às condições dos prisioneiros palestinianos na prisão de Sde Teiman, que apelidou de "Guantánamo de Israel", assinaladas por torturas sistemáticas e violações dos direitos humanos.
Os prisioneiros palestinianos em Sde Teiman são forçados a manter os olhos vendados, estão algemados nas mãos e pelos tornozelos, dormem no chão, apenas podem tomar duche uma vez por semana e durante um minuto e sofrem ameaças, espancamentos, torturas e abusos sexuais, indicam organizações defensoras dos direitos humanos que visitaram as instalações e testemunhos de palestinianos libertados.
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Vários detidos em Sde Teiman referiram recentemente à Amnistia Internacional (AI) que foram obrigados a permanecer durante horas em posições de tensão, proibição de falar com outros prisioneiros ou de erguer a cabeça.
Um adolescente de 14 anos de Jabalia (norte da Faixa de Gaza) permaneceu nesta prisão 24 dias encerrado num barracão com pelo menos 100 detidos adultos.
O menor disse ter sido agredido e espancado pelos guardas, que o "queimaram repetidamente com pontos de cigarros", situações que foram confirmadas pela Organização não-governamental (ONG) de direitos humanos.
Há duas semanas, a AI divulgou um relatório onde denunciou torturas e detenções em regime de incomunicabilidade impostas por Israel aos presos palestinianos.
"As autoridades israelitas devem pôr termo à detenção indefinida em regime de incomunicabilidade de palestinianos na Faixa de Gaza ocupada, sem acusações nem julgamentos, devido à Lei de combatentes ilegítimos, em flagrante violação do direito internacional", exigiu a ONG em comunicado.
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O Exército recorreu a esta lei, promulgada em 2002, pela primeira vez em cinco anos para deter alegados participantes nos ataques de 07 de outubro, mas de seguida ampliou a sua ação "para prender em massa palestinianos em Gaza sem acusações nem julgamentos", denunciou a AI.
Em dezembro, Israel alterou a decisão para aumentar o tempo de cativeiro sem ordem de detenção dos palestinianos das 96 horas originais (prorrogáveis até sete dias) para um máximo de 45 dias.
A privação de liberdade máxima até à comparência perante uma autoridade judicial passou de 14 para 75 dias, e a reclusão sem assistência judicial passou de 21 dias para seis meses, que depois foram reduzidos para três meses.
Em 7 de outubro, comandos do movimento islamita palestiniano Hamas infiltrados no sul de Israel a partir da Faixa de Gaza, efetuaram um ataque que provocou 1.197 mortos, entre civis e militares, de acordo com dados da agência noticiosa AFP a partir de dados oficiais israelitas.
A campanha israelita de bombardeamentos aéreos, e de tanques na sequência de uma ofensiva terrestre já regista pelo menos 39.258 mortos, segundo dados do ministério da Saúde de Gaza, dirigido pelo Hamas, que não fornece indicações sobre a repartição entre civis e combatentes.
As baixas nas fileiras do Exército israelita também continuam a aumentar, com pelo menos 328 mortos, segundo o mais recente balanço.