Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Eleições nos EUA

"Presidentes não são reis". Biden admite que não conseguia vencer Trump

25 jul, 2024 - 01:42 • João Pedro Quesado

No prometido discurso após desistir das eleições de novembro, Joe Biden alertou para a importância de "salvar a democracia", definiu as metas para o resto do mandato e colocou "a ideia da América" nas mãos dos norte-americanos, que vão votar a 5 de novembro.

A+ / A-
Biden: "A defesa da democracia é mais importante do que qualquer cargo"
Biden: "A defesa da democracia é mais importante do que qualquer cargo"

O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, disse esta quinta-feira, madrugada em Portugal, que está a "passar o testemunho a uma nova geração", num discurso em que explicou aos norte-americanos a desistência repentina daseleições presidenciais de 2024. Biden abandonou a corrida à Casa Branca no passado domingo.

"Eu reverencio este cargo", declarou Biden. "Mas amo mais o meu país", sublinhou, considerando que as conquistas do seu primeiro mandato "mereciam um segundo mandato, mas que nada pode meter-se no caminho de salvar a nossa democracia". "Isso inclui a ambição pessoal", disse.

Biden, de 81 anos, aguentou três semanas em que os democratas o pressionaram a abandonar a recandidatura após um desempenho desastroso no debate de 27 de junho contra Donald Trump. Joe Biden chegou a dizer que apenas o "Senhor Todo-Poderoso" poderia convencê-lo a renunciar, mas agora descreveu Kamala Harris, a sucessora na liderança do Partido Democrata como "experiente", "dura" e "capaz".

"Decidi que a melhor maneira de seguir em frente é passar o testemunho a uma nova geração. Essa é a melhor maneira de unir nossa nação", declarou o Presidente norte-americano, na secretária Resolute, na Sala Oval da Casa Branca, enquanto a mulher e os filhos assistiam ao discurso, sentados a poucos metros de Biden.

Bidenanunciou a desistência no passado domingo, após dias de uma reflexão forçada por mais uma infeção de covid, alimentada por sondagens internas que mostravam uma provável derrota contra o republicano Donald Trump em novembro, arrastando os colegas democratas da Câmara dos Representantes e Senado com ele.

O democrata sublinhou que "reis e ditadores não governam" na América. "O povo governa. A história está nas vossas mãos. O poder está nas vossas mãos. A ideia da América está nas vossas mãos. Se mantemos ou não a nossa república está agora nas vossas mãos", avisou Biden.

Joe Biden é o primeiro presidente em funções a não tentar a reeleição desde 1968, quando Lyndon Johnson, criticado pela condução da Guerra do Vietname, abandonou abruptamente a campanha em 31 de março. Biden junta-se ainda a James K. Polk, James Buchanan, Rutherford B. Hayes, Calvin Coolidge e Harry Truman como presidentes que decidiram não concorrer a um segundo mandato.

Biden, que é a pessoa mais velha a ocupar o cargo de Presidente dos EUA, não disse explicitamente que desistiu da recandidatura devido à sua saúde ou devido à uma desvantagem nas sondagens, indicando apenas que se afastou para "unir o partido", que há "uma hora e lugar para novas vozes" e "sim, vozes mais novas".

Mas Joe Biden descreveu a eleição de 5 de novembro como um "ponto de viragem" e, ao mesmo tempo, procurou responder aos pedidos - largamente de republicanos - para se demitir.

O Presidente norte-americano citou várias conquistas, como não ter tropas em zonas de conflito e ter nomeado a primeira juíza afro-americana para o Supremo Tribunal, e apontou as prioridades para os menos de seis meses que faltam para acabar o mandato. Entre essas prioridades está um programa para acelerar o progresso na investigação e luta contra o cancro, assim como uma reforma do Supremo dos EUA.

"Nos próximos seis meses vou estar focado em fazer o meu trabalho como Presidente. Isso significa que vou continuar a baixar os custos para as famílias trabalhadoras e a fazer crescer a nossa economia. Vou continuar a defender as nossas liberdades pessoais e os nossos direitos civis - desde o direito ao voto ao direito a escolher [abortar]", sublinhou.

Biden prometeu ainda ajudar a fortalecer e unir a NATO, impedir Vladimir Putin de vencer a Ucrânia, e trabalhar para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Promessas que, apesar de não serem simples, podem ser mais fáceis de alcançar do que medidas internas aos EUA, visto que depende da Câmara dos Representantes e do Senado para aprovar alterações legislativas.

Num discurso de 12 minutos - apenas o quarto discurso do mandato na Sala Oval -, Biden refletiu ainda sobre a carreira de quase 50 anos em Washington, D.C., e mostrou-se grato que "uma rapaz com uma gaguez" de Scranton, na Pensilvânia, que depois se mudou para Claymont, no Delaware, tivesse a possibilidade de se tornar Presidente. "Dei o meu coração e alma a esta nação, como tantos outros", confessou, chamando os EUA de "uma nação de promessa e possibilidades".

A carreira política de Biden começou quando com a eleição para o Senado, em 1972, aos 29 anos, tornando-se o sexto senador mais jovem dos EUA. O mandato na Casa Branca acaba em 20 de janeiro de 2025, como o Presidente americano mais velho, quando já terá completado 82 anos.

“A defesa da democracia é mais importante do que qualquer título", frisou. "Eu tiro força e encontro alegria em trabalhar para o povo americano. Mas esta tarefa sagrada de aperfeiçoar nossa União não é sobre mim. É sobre vocês. As vossas famílias. Os vossos futuros. É sobre «Nós, o Povo»", sublinhou, citando as famosas primeiras palavras da Constituição dos Estados Unidos.

Saiba Mais
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+