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Apagão do Windows 10. “O que surpreende é que não aconteça mais vezes”

19 jul, 2024 - 10:14 • João Carlos Malta

Os sistemas de segurança são cada vez mais complexos e com mais agentes a mexerem neles, explica o especialista José Tribolet, e por isso instáveis. O mesmo surpreende-se por existirem ainda tantas empresas a usar um sistema operativo que foi descontinuado existindo no mercado versões mais recentes.

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O especialista em cibersegurança José Tribolet não está admirado com o apagão informático no Windows 10 após a atualização de um antivírus que, na manhã desta sexta-feira, está a afetar todo o mundo. O professor catedrático do Instituto Superior Técnico fica é surpreendido de que estas situações não aconteçam mais vezes.

Há milhões de computadores com o sistema operativo Windows 10 instaladodeixaram de funcionar um pouco por todo o planeta.

Em causa parece estar uma atualização automática num sistema de segurança da empresa norte-americana Crowdstrike, que oferece soluções antivírus para várias empresas e organizações a nível global.

A empresa de cibersegurança atualizou o seu antivírus "Falcon", o que terá levado a que o sistema operativo da Microsoft presente em muitos computadores tenha ido abaixo.

“Em primeiro lugar, os sistemas operativos com todo o conjunto de componentes que os integram de várias fontes, de vários fabricantes, para se conseguir lidar com as dimensões importantes e assegurar a saúde de um de um sistema informático e a sua operacionalidade, é de uma complexidade absolutamente assustadora”, explica o professor do Instituto Superior Técnico.

O mesmo acrescenta, logo de seguida, que o “surpreende é que estas coisas não acontecerem mais vezes”.

Ameaça e reação

Isto porque, explica, quando existem técnicos e empresas de diversas origens a mexer em componentes que estão dentro do sistema operativo “é extremamente difícil assegurar que as coisas correm todas bem”.

Tribolet considera que são precisos testes para que “quando se muda essa componente, o ambiente continua saudável e seguro e assim as interações continuam a funcionar”.

No entanto, muitas vezes, “a urgência de uma ameaça e de ter de mudar uma componente para prevenir consequências muito graves, leva a que se façam as substituições sem se ter feito esses testes de forma extensiva e que garantam a segurança”.

O especialista diz que está também admirado por haver ainda tantas empresas e serviços importantes no mundo a usar o Windows 10 , uma vez que este já foi descontinuado pela Microsoft e não tem “um acompanhamento intensivo” por parte da gigante tecnológica norte-americana.

“Não tinha a noção de que ainda havia companhias com operações tão importantes que estivessem dependentes do Windows 10, quando já há outros sistemas operativos mais recentes no mercado”, surpreende-se.

Conservadorismo paga-se

O mesmo professor explica que “quem tem estes sistemas mais antigos, tem mais probabilidade de uma situação destas poder acontecer”. “Um sistema está lá, está instalado, mas está sempre a mudar. É uma coisa viva, estão sempre a mudar. Neste caso, um antivírus”, resume.

Tribolet percebe ainda assim algum conservadorismo na mudança porque para as empresas porque mexer em sistemas que funcionam e são críticos para a operação é sempre um risco” além de “que custam muito dinheiro”.

“As pessoas dizem ‘está a funcionar, não mexe’. Mas não mexer, hoje em dia, não é verdade porque se está sempre a mexer em componentes, que não estão no coração dos sistemas operativos, mas interagem com eles”, descreve.

“É como na aviação que mexer numa pequena componente pode gerar uma catástrofe”, argumenta.

José Tribolet espera agora uma investigação interna da Crowdstrike aos acontecimentos desta sexta-feira para perceber qual a origem do problema.

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