13 jul, 2024 - 11:44 • Miguel Marques Ribeiro com Reuters
Um ataque israelita realizado este sábado em Khan Younis, no centro de Gaza, provocou pelo menos 90 mortos e 289 feridos segundo avançam as autoridades de saúde de Gaza.
A área atingida, a zona de Al-Mawasi, a oeste da cidade, tinha sido designada de 'zona humanitária' pelo exército israelita, que já admitiu estar a avaliar a forma como a investida militar foi executada.
Segundo os media israelitas, o alvo do ataque foi o dirigente do Hamas Mohammed Deif, não se sabendo até ao momento se este sobreviveu ou não ao ataque. Deif foi um dos orquestradores dos ataques de 7 de outubro e já tinha sido visado pela tropas de Israel noutras sete ocasiões, a mais recente das quais em 2021.
Fontes do exército de Israel revelaram que Rafa Salama, comandante do Hamas em Khan Younis, também foi alvo do ataque.
Um oficial israelita, citado pela BBC, assegura que os bombardeamentos foram realizados numa 'zona aberta' onde se encontravam "apenas terroristas do Hamas".
Em resposta, o alto responsável do Hamas Abu Zuhri classificou de absurdas as justificações prestadas até ao momento pelos responsáveis israelitas. "As alegações israelenses são absurdas e visam justificar um horrível massacre. Os mortos são todos civis. O que aconteceu foi uma escalada na guerra de genocídio, apoiada pelos americano e pelo silêncio conivente a nível mundial", declarou.
Numa declaração entretanto divulgada e citada pela BBC, o Hamas assegura que as alegações de Israel são "falsas" e acusa os seus dirigentes de usarem a eliminação de membros do Hamas como pretexto para ataques indiscriminados à população civil.
É ainda incerto o impacto que estes acontecimentos poderão ter na evolução das negociações em curso em Doha e no Cairo, para a implementação de um cessar-fogo entre as duas partes do conflito.
As imagens recolhidas pelas agências internacionais mostram ambulâncias a acorrer ao local das explosões debaixo de fumo e nuvens de poeira, enquanto pessoas deslocadas, incluindo mulheres e crianças, fogem em pânico, algumas carregando os seus pertences nas mãos.
Testemunhas no local garantem que o ataque foi feito de surpresa, uma vez que a área estava calma, acrescentando que mais do que um míssil foi disparado. Entre os feridos estão membros das equipas de resgate, disseram.
"Eles morreram, toda a minha família morreu... onde estão os meus irmãos? Todos eles partiram, todos partiram. Não sobrou ninguém", declarou uma mulher em pranto, que não se identificou.
"As nossas crianças estão feitas em pedaços. Tenham vergonha", acrescentou.
Benjamin Netanyahu diz que não é absolutamente certo que o chefe máximo do Hamas e o seu vice tenham sido eliminados no ataque deste sábado na zona humanitária de Mawasi, em Khan Younis, que fez pelo menos 90 mortos.
Mas “de uma forma ou de outra”, disse o primeiro-ministro israelita numa conferência de imprensa, Israel eliminará toda a liderança do Hamas.
À mesma hora, começava em Jerusalém mais um protesto a exigir mais ação do governo israelita para chegar a um cessar-fogo e garantir a libertação dos restantes israelitas que continuam reféns do Hamas em Gaza.
A 7 de outubro de 2023, o Hamas infiltrou-se no sul de Israel, matando cerca de 1200 pessoas e fazendo mais de 250 reféns. A retaliação que se seguiu do governo israelita já matou mais de 38 mil palestinianos.
[Notícia atualizada às 20h06 de 13 de julho de 2024]