07 jul, 2024 - 10:34 • Lusa
Manifestantes israelitas convocaram para este domingo protestos em todo o país, nove meses após o início da guerra na Faixa de Gaza, para exigir um acordo que permita o regresso de todos os reféns e a convocação de eleições antecipadas.
Sob o lema “Parar Israel”, o movimento de protesto pró-democrático pretende levar hoje mais de um milhão de pessoas às ruas para exigir a dissolução do Knesset, o parlamento israelita.
Os protestos começaram logo ao amanhecer, às 6h29 da manhã, a hora exata do início do ataque do Hamas e de outras milícias que provocou a morte a cerca de 1.200 israelitas no dia 07 de outubro de 2023 e que também resultou em centenas de reféns.
Grupos de ativistas iniciaram uma manifestação em frente às casas de 18 deputados do Knesset, bem como de ministros do governo de coligação do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.
De acordo com o Times of Israel, entre as residências afetadas pelas manifestações encontram-se as do presidente do Knesset, Amir Ohana, e dos ministros da Defesa, Yoav Gallant, dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, das Finanças, Nir Barkat, dos Transportes, Miri Regev, da Agricultura, Avi Dichter, e da Segurança Nacional para o Negev e a Galileia, Yitzhak Wasserlauf.
Gritos como “Acordem, o país vale mais do que isto”, “Nove meses de fracasso absoluto” ou “Há sangue nas vossas mãos” apontam aos membros do governo a responsabilidade pela morte de mais de 1.600 israelitas em nove meses – entre as vítimas do ataque de 07 de outubro e os soldados mortos em Gaza – e pelo destino dos 116 reféns ainda detidos no enclave.
Nos arredores de Telavive, os manifestantes também se concentraram frente à residência do presidente da Histadrut (a federação dos sindicatos do setor público em Israel), Arnon Bar David, exigindo que marque uma greve geral no país, para pressionar a convocação de eleições antecipadas.
“Basta de conversa, é tempo de agir”, lê-se em cartazes em frente à casa de Bar David, que em maio afirmou que o Governo tinha perdido a confiança do povo, mas disse que era preciso esperar pelo momento certo para qualquer “ação drástica”, referindo-se a uma greve.
O dia de protestos culminará esta noite com uma grande manifestação em frente à residência de Netanyahu, no bairro de Rehavia, em Jerusalém, e em frente à base militar de Kirya, em Telavive, o principal quartel-general do exército e do Ministério da Defesa, onde se manifestarão as famílias e os entes queridos dos 251 reféns capturados pelo Hamas a 07 de outubro, dos quais 116 ainda continuam sob sequestro.
“A nossa exigência é a mais simples de todas: devolver os reféns e devolver o mandato. A partir daí, será o que o povo decidir”, disse um dos líderes do movimento de protesto, Moshe Radman, na rede social X.
“Para que um governo de kahanistas – um movimento supremacista judeu considerado terrorista em Israel, do qual membros do executivo são simpatizantes – não anule o acordo de devolução dos reféns. Para que não derrubem o país”, apelou Shikma Bressler, outro rosto conhecido do movimento de protesto pró-democracia que nasceu em 2023 contra a reforma judicial.
Os manifestantes também pretendem reunir-se em cruzamentos para bloquear o trânsito e organizar caravanas de veículos para cortar as principais autoestradas do país, especialmente as que ligam Telavive às restantes cidades da costa mediterrânica, como Herzeliya, Netanya, Cesareia e Haifa, bem como a Jerusalém.
“Durante todo o dia, terão lugar ações especiais de protesto e espera-se um forte congestionamento do tráfego nas principais artérias rodoviárias de Israel”, declarou o movimento de protesto.
Na passada quinta-feira, milhares de pessoas tinham-se já manifestado em Jerusalém e em outras cidades israelitas contra o governo de Benjamin Netanyahu, acusando o primeiro-ministro de sabotar o acordo de libertação de reféns e de mergulhar Israel no abismo.