07 jul, 2023 - 08:50 • André Rodrigues , Cristina Nascimento
Arranca esta sexta-feira a campanha para as legislativas antecipadas em Espanha, marcadas para 23 de julho.
As sondagens dão vantagem à direita, mas muitos consideram o desfecho destas eleições bastante imprevisível, sobretudo “devido aos partidos independentistas, em particular na Catalunha e no País Basco”.
O cenário é antecipado pelo antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Martins da Cruz que diz ainda recear “uma campanha violenta”.
“O ambiente está muito polarizado e muito tenso e portanto, eu penso que vai ser uma campanha violenta, não só dos grandes partidos, mas sobretudo por parte dos pequenos partidos, quer à extrema esquerda, quer à extrema-direita”, refere.
No arranque da campanha, as sondagens dão uma ligeira vantagem à direita: o PP lidera as intenções dos eleitores e o VOX - da extrema-direita espanhola - é nesta altura a terceira força nas sondagens.
Martins da Cruz aponta para um relevante papel dos pequenos partidos.
“No caso da Catalunha, a Esquerda Republicana, que tem dado o seu apoio ao PSOE, afirmou que só o fará desta vez se o PSOE permitir um referendo para a independência na Catalunha. Vai ser muito difícil ao PSOE aceitar essa condição porque há condições muito estritas na Constituição espanhola quanto à realização de referendos que têm de ser realizados no total da Espanha”, explica.
O antigo chefe da diplomacia portuguesa adianta ainda que, “por outro lado, há partidos como o Partido Nacionalista Basco, que teve já uma Aliança com o PP, para quem as decisões dependerão sobretudo das transferências financeiras”.
As eleições em Espanha precipitaram-se devido ao pedido de demissão de Pedro Sanchez, após o mau resultado do PSOE nas eleições regionais há pouco mais de um mês, e vão realizar-se numa altura em que Espanha assume a presidência do Conselho da União Europeia.
Martins da Cruz considera que esta simultaneidade pode dar origem a uma “presidência aos ziguezagues, pelo menos durante a campanha eleitoral”. O antigo ministro considera ainda que Pedro Sanchez vai “aproveitar” a exposição a que estará sujeito “para aparecer como o grande Salvador da Europa”.