Tempo
|
A+ / A-

Português na Turquia. "As pessoas gritavam por Deus... e os edifícios a ruir"

06 fev, 2023 - 12:20 • André Rodrigues

André Sousa está de passagem por Gaziantep, a apenas sete quilómetros da zona onde se registou o epicentro do violento sismo desta madrugada.

A+ / A-

André Sousa tem 27 anos e está a dar a volta ao mundo numa minimota de 125 CC para inscrever um recorde no Guinness.

Depois de já ter percorrido 51 países, André está, agora, na Turquia. Foi apanhado de surpresa pelo violento sismo da última madrugada, em Gaziantep, a escassos sete quilómetros do local onde se registou o epicentro do abalo.

Em declarações à Renascença, André Sousa conta que “o pior foi na altura do sismo, porque eram 4h15 da manhã aqui na Turquia [1h15 em Portugal]."

“Fugi imediatamente, não tinha onde esconder-me”, recorda este português que dormiu cerca de três horas e procura “descansar um pouco” depois do susto que sentiu.

Mas esta não é a primeira vez que André Sousa passa por uma experiência sísmica no meio da aventura de dar a volta ao mundo numa Honda 125, que já dura há dois anos e sete meses.

“Já tinha passado por isto na Grécia, em 2020, e na Guatemala, no ano passado”, acrescenta este jovem natural de Oliveira de Azeméis.

Mas esta madrugada, foi a primeira vez que André foi subitamente acordado por um abalo desta magnitude.

“Tive de sair do quarto em roupa interior. Quando descia pela escadaria, vi tudo a partir, os pedaços de revestimento todos a cair para o chão. Tive a sorte de estar num edifício que tinha sido renovado há pouco tempo, que tem boas condições. Outras pessoas não tiveram a mesma sorte. Na rua, não podíamos voltar a entrar durante pelo menos uma a duas horas”, explica.


"As pessoas faziam fogueiras nas ruas"

Não havia tempo para nada. Ainda que as temperaturas no exterior não fossem nada convidativas.

“As pessoas faziam fogueiras nas ruas, porque estava muito frio… nos últimos dois dias, houve fortes nevões”.

Lá fora, o caos “por causa do pânico das pessoas. Como sabe, isto é um país islâmico e as pessoas gritavam por Deus, enquanto os edifícios ruíam totalmente”.

Nas horas seguintes, não houve eletricidade “e só há pouco tempo foi reposta”. Água “ainda não existe” nas torneiras.

André Sousa diz que, apesar do cenário de destruição – e do receio de muitas pessoas em entrarem nos edifícios, por receio de derrocadas – se sente “seguro” no hotel onde se encontra hospedado há quatro dias.

“Não tenho outra opção. Este hotel é bom. É um hotel que foi renovado. Ou seja, as minhas opções também não são grandes. Sendo racional, a probabilidade de voltar a acontecer um sismo com esta dimensão é praticamente zero. Então, vim descansar um bocadinho, porque tinha só três horas de sono quando tudo aconteceu”, conta.

Enquanto isso, André Sousa procura saber notícias da mota que o trouxe até à Turquia. A paragem em Gaziantep deveu-se à necessidade de fazer a revisão ao veículo.

“Neste momento, nem sei se a mota está bem ou se não está. Mas isso é o menos. O que interessa é que eu estou bem”, remata.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+