02 fev, 2023 - 16:12 • Lusa
O realizador iraniano Jafar Panahi iniciou, na quarta-feira, uma greve de fome em protesto por continuar detido em Teerão, mesmo depois de a sua sentença de prisão ter sido declarada nula.
De acordo com um comunicado divulgado pela mulher, Tahereh Saeedi, o cineasta iniciou a greve de fome na prisão de Evin, perto de Teerão, onde está detido desde julho de 2022.
“Recusar-me-ei a comer, beber e a tomar qualquer medicação até à minha libertação. Permanecerei nesta situação até que, talvez, o meu corpo sem vida seja libertado da prisão”, afirmou o realizador em comunicado, citado pela agência France Presse.
Panahi, um dos mais acarinhados e premiados realizadores iranianos da atualidade, foi detido a 11 de julho de 2022, porque se apresentou em tribunal para acompanhar a detenção de um outro realizador iraniano, Mohammad Rasoulof, no âmbito de protestos contra o governo do Irão.
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Com aquela detenção, as autoridades reativaram uma sentença, de seis anos de prisão, que tinha sido declarada contra Panahi em 2010, à qual se juntou uma proibição de saída do país, por "propaganda contra o regime".
No entanto, em outubro, o Supremo Tribunal do Irão anulou a aplicação daquela sentença e ordenou um novo julgamento, mas Jafar Panahi, 62 anos, permanece detido.
Jafar Panahi obteve um Leão de Ouro em 2000, no festival de cinema de Veneza, pelo filme "O Círculo", e o Prémio de Melhor Argumento, em Cannes, em 2018, com "Três Faces", três anos depois de ter conquistado o Urso de Ouro, em Berlim, por "Táxi".
Este filme, também conhecido por "Taxi Teerão", foi realizado e protagonizado clandestinamente pelo próprio Panahi, depois de ter sido proibido pelo governo iraniano de voltar a filmar, durante 20 anos.
Apesar de todas as restrições, Panahi continuou a filmar e o mais recente filme, “Ursos não há”, premiado em 2022 em Veneza, está atualmente nas salas de cinema em Portugal.
Jafar Panahi iniciou a greve de fome no dia em que centenas de personalidades publicaram um apelo conjunto a um apoio "inabalável" aos iranianos que protestam contra o regime do país e desafiam a repressão.