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CPLP

Inverter a saída de mão de obra dos países africanos

13 jan, 2023 - 20:14 • Filomena Barros

Nelma Fernandes é a primeira mulher à frente da Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), cargo que assumiu em dezembro. Entre as prioridades está a aposta na capacitação das pessoas e no esforço para reter a mão de obra e levar a industrialização para os países membros africanos.

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Trocou o cargo de vice-presidente da Comissão Executiva da CLPL com o de presidente da Confederação Empresarial (CE). Nelma Fernandes, de nacionalidade guineense, segue a agenda do Pilar Económico da Comunidade “que foi implementado por Angola, que assumiu a presidência da CPLP em 2021”. Em declarações à Renascença, explica que “o que faz a Confederação Empresarial é depois ir buscar respostas para aquilo que são as solicitações para os Estados Membros”.

Quanto a prioridades, assume a necessidade de dar resposta à crise e apoiar as empresas, “é uma situação imediata, principalmente quando nós saímos de uma crise, primeiro a nível da saúde, que foi a Covid-19, e depois agora o conflito militar que é a guerra entre a Rússia e a Ucrânia”.

Uma das medidas que está na agenda diz respeito “à dupla tributação, temos empresários que querem ir para um determinado país da Comunidade levar os seus produtos, e têm a situação das alfândegas e do que têm de pagar para tirar as suas mercadorias, e nós estamos também a fazer um trabalho nesse sentido, vai ser uma das apostas, tentar minimizar esse custo, para que seja algo apetecível, para alargar não só o horizonte do empresário, que passa a ter uma Comunidade inteira, com o número de habitantes que tem, em vez de se cingir apenas a um determinado país”.

Elege também a mobilidade empresarial como uma aposta: “Nós queremos, através da criação de uma lista de associados que cumpram alguns critérios definidos pela Confederação Empresarial, que se possa garantir a sua livre circulação dentro da Comunidade, isso faz com que possamos dar uma abertura maior e abrangente para que cheguem rapidamente a todos os países”.

A CPLP é formada por seis países africanos (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe), além do Brasil, Timor-Leste e Portugal. Os associados são empresas privadas dos países membros.

Nelma Fernandes considera que “existem alguns setores que, obviamente, pelo contexto e características dos países só por si têm de ser prioritários”. E enumera a agricultura “porque existe uma extensão de terra infindável e fértil, em alguns países desta comunidade”, a transformação alimentar ligada ao aproveitamento da riqueza do mar, e a industrialização “que não existe nos países africanos, isto é um tema fundamental”.

A presidente da CE traça o objetivo de “ tentar inverter a situação de retirar a mão de obra barata, fazer talvez o percurso ao contrário, que é levar a industrialização para esses países onde existe mão de obra que é barata e que pode ser utilizada, e aproveitar essa industrialização para se fazer uma aposta forte na capacitação das pessoas”.

A mensagem tem sido passada, desde 2021, nas Cimeiras de negócios: “A primeira foi na Guiné Equatorial, e conseguiu até em plena pandemia, levar cerca de 300 empresas de toda a Comunidade, e teve um sucesso estrondoso, porque a partir daí muitas empresas, até portuguesas, começaram a colaborar”.

Em 2023, já foi anunciada a escolha da Guiné-Bissau para receber esta iniciativa, que pretende “colocar várias empresas dos nossos países, num local onde é possível fazer essas trocas comerciais, e ver as vantagens que o próprio governo possa disponibilizar naquilo que se chama captação de investimento”.

A vertente económica destaca-se na CPLP, criada em 1996, inicialmente com uma componente diplomática, cultural e da língua portuguesa, mas “percebe-se claramente que todas as comunidades crescem e movem-se pelo fator económico, acontece isso com a União Europeia…”.

Nelma Fernandes lembra que a CPLP tem “mais de 28 países que são observadores, que querem estar dentro desta Comunidade pelas potencialidades, porque veem benefícios e muitos recursos, mas que não podem ser países membros porque não falam português, mas são membros observadores pelo potencial económico, e temos também de capitalizar essa dinâmica”.

E como olha a Comunidade lusófona para o espaço económico dos 27? É um mercado que tem vindo a crescer, “todos os mercados são válidos, a União Europeia, a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados de África Ocidental), a União Africana”, aliás, a CPLP tem a vantagem de estar inserida em 4 continentes”.

No início do mandato de 4 anos, a presidente da Confederação Empresarial da CPLP traça um objetivo claro: “quando olho para os países que compõem a CPLP, a maioria deles tem uma necessidade gigante a nível da capacitação de pessoas. E acho que é um aspeto fundamental, olhar para os jovens que vão ser o futuro, e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para aumentar aquilo que é o nível de capacitação de pessoas”.

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