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Covid-19 na China. Especialistas estimam nove mil mortes por dia

30 dez, 2022 - 10:28 • Marta Pedreira Mixão

Especialistas em doenças infeciosas acreditam que a estratégia mais eficaz para diminuir a propagação do vírus e controlar o aparecimento de novas variantes pode ser através da testagem das águas residuais dos aviões.

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Os Estados Unidos estão a considerar a possibilidade de recolher amostras das águas residuais retiradas dos aviões internacionais para rastrear quaisquer novas variantes emergentes de Covid-19, à medida que as infeções aumentam na China, uma vez que especialistas de saúde sediados no Reino Unido estimam o país pode estar registar cerca de nove mil mortes por dia.

A proposta de testar as águas residuais, por parte dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA, proporcionaria uma solução para rastrear o vírus nos Estados Unidos. O objetivo é que esta medida seja mais eficaz do que as novas restrições de viagem anunciadas esta semana, segundo explicam especialistas em doenças infeciosas.

A medida surge na sequência das dúvidas em relação os dados oficiais partilhados pela China, o que levou até a que Itália, Japão e EUA impusessem novas regras de teste a viajantes que venham da China. A principal preocupação em relação à evolução das infeções de covid-19 no país está relacionada com a possibilidade do aparecimento de novas variantes, depois de Pequim ter posto fim à política “zero casos covid”, o que levou a um aumento significativo das infeções desde novembro.

Assim, a análise das águas residuais dos aviões está entre várias opções que o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças está a considerar para tentar controlar o eventual aparecimento de novas variantes nos EUA a partir de outros países, segundo a porta-voz da agência, Kristen Nordlund.

"A anterior vigilância das águas residuais demonstrou ser uma ferramenta valiosa e a vigilância das águas residuais dos aviões pode ser uma opção", explicou num e-mail, citado pelo britânico Guardian.

Em julho, os investigadores franceses relataram que os testes de águas residuais de aviões mostraram que a testagem antes dos voos internacionais não protege os países contra a propagação de novas variantes, depois de ter sido encontrada a variante Omicron em águas residuais de dois aviões comerciais que voaram da Etiópia para França em dezembro de 2021, apesar de os passageiros terem sido obrigados a fazer testes antes do embarque.

O Guardian refere ainda que, segundo a empresa de dados de saúde Airfinity, as mortes acumuladas na China, desde 1 de dezembro, podem já ter atingido os cem mil casos, registando um total de 18,6 milhões de infeções. A empresa prevê ainda que as infeções atinjam o primeiro pico a 13 de janeiro, com 3,7 milhões de casos por dia, na China.

Estes números contrastam com os vários milhares de casos notificados diariamente pelas autoridades sanitárias chinesas, depois de a rede nacional de testes PCR ter sido desmantelada.

Para já, a Agência de Saúde da União Europeia refere que a introdução a nível da UE de testagem obrigatória para viajantes da China é "injustificada", argumentando que se verifica uma "maior imunidade da população na União Europeia”.

Contudo, o diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, apelou à China para disponibilizar dados mais detalhados sobre a situação pandémica no país.

"Na ausência de informações completas por parte da China, é compreensível que países de todo o mundo estejam a agir da forma que acreditam ser melhor para poderem proteger as suas populações", referiu Tedros.

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