21 dez, 2022 - 10:06 • Joana Azevedo Viana , Liliana Monteiro
Sete dos 66 portugueses que estavam retidos no Peru continuam no país, confirmou esta quarta-feira à Renascença fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
A embaixada de Portugal em Lima, capital do Peru, “tem acompanhado, caso a caso, cada situação” e o MNE "continua a desenvolver todos os esforços para encontrar soluções que permitam um regresso rápido e em segurança dos restantes cidadãos portugueses que desejem sair do Peru”, indicou fonte da diplomacia à Lusa.
A notícia de que 59 cidadãos portugueses já conseguiram abandonar o país surgiu horas depois de o Governo do Peru ter anunciado a expulsão do embaixador do México, dando ao país 72 horas para retirar o seu representante diplomático de Lima.
Em causa está o facto de o México ter oferecido asilo à família de Pedro Castillo, o Presidente peruano deposto na sequência de uma alegada tentativa de golpe de Estado.
Castillo foi removido do poder no início de dezembro após ter tentado dissolver o Congresso, sendo acusado de rebelião e conspiração.
Andrés Manuel López Obrador, Presidente do México, classificou já a deposição de Castillo como antidemocrática. E ontem, o chefe da diplomacia mexicana, Marcelo Ebrard, anunciou que o Governo está a negociar a "passagem segura" da família do ex-Presidente peruano, que tem estado albergada na embaixada mexicana em Lima.
Em resposta ao MNE mexicano, a chefe da diplomacia peruana, Ana Cecilia Gervasi, assegurou que foi garantida passagem segura aos familiares de Castillo.
Pouco depois, o gabinete de Gervasi anunciava que o embaixador mexicano Pablo Monroy é agora "persona non grata", por causa de "repetidas declarações pelas mais altas autoridades [do México] sobre a situação política no Peru".
Ao enfrentar uma moção de não confiança no Congresso, Pedro Castillo tentou dissolver o órgão legislativo do país, controlado pela oposição.
O Congresso respondeu com uma nova votação para destituir o Presidente sob acusações de ter tentado tomar o poder de forma inconstitucional.
Uma maioria dos deputados votou pela sua saída e os seus guarda-costas impediram-no de se refugiar na embaixada do México em Lima com a família.
Horas depois, o Congresso peruano avançava com a cerimónia da tomada de posse de Dina Boluarte, até então vice-Presidente do Peru, como nova chefe de Estado.
Face aos protestos nas ruas de apoio a Castillo e contra a sua presidência, Boluarte, 60 anos, já prometeu convocar eleições antecipadas.
Ontem, uma maioria de deputados aprovou a sua proposta de antecipar as presidenciais para abril de 2024, dois anos antes do que estava marcado até agora.
Parte dos manifestantes dizem que 2024 é demasiado tarde e exigem que o plebiscito seja organizado já.