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Protesto pró-Hong Kong

Manifestante agredido em Manchester. Deputada aponta dedo ao cônsul-geral da China

19 out, 2022 - 11:15 • Joana Azevedo Viana

Deputados falam em "escalada arrepiante" e exigem mais ações do Governo. Imagens e relatos dos manifestantes e da polícia britânica contrastam com versão apresentada por Pequim.

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Um dos principais diplomatas da China no Reino Unido esteve envolvido em atos de violência contra manifestantes pacíficos frente ao consulado chinês em Manchester no passado domingo.

A acusação foi feita no Parlamento britânico pela deputada conservadora Alicia Kearns, que aponta o dedo ao cônsul-geral da China.

"O que vimos foi um cônsul-geral chinês a rasgar cartazes e a impedir um protesto pacífico", declarou a deputada, cujo estatuto lhe permite falar sem receios de repercussões legais. "Um honconguês teve de ser hospitalizado por participar num protesto pacífico. Outros foram arrastados para o território do consulado para continuarem a ser espancados por membros do Partido Comunista Chinês."

A deputada acrescentou: "Não podemos permitir ao PCC que importe [para o Reino Unido] o espancamento de manifestantes, o silenciamento da expressão livre de ideias e o falhanço em permitir, vezes e vezes sem conta, manifestações em solo britânico. Esta é uma escalada arrepiante."

A China continua sem comentar o alegado envolvimento do cônsul-geral Zheng Xiyuan nos incidentes de domingo, durante um protesto pela autodeterminação de Hong Kong, em que pelo menos um manifestante foi arrastado para o jardim do consulado e espancado antes de agentes da polícia britânica o conseguirem resgatar.

O Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros já veio defender as ações do 'staff' do consulado, com o porta-voz da tutela, Wang Wenbin, a alegar que os manifestantes "entraram ilegalmente" no espaço do consulado e que diplomatas de qualquer país teriam tomado "as medidas necessárias" para proteger o território.

Esta versão dos acontecimentos é contestada pelos manifestantes e pelas imagens captadas durante o protesto, bem como pelos agentes da polícia de Manchester destacados para manter a ordem no local.

De acordo com a polícia de Manchester, entre 30 a 40 pessoas estavam a participar no protesto de domingo quando, "pouco antes das 4h da tarde, um pequeno grupo de homens saiu do edifício [do consulado]".

De seguida, "um homem foi arrastado para o consulado e agredido", adianta a polícia em comunicado. "Face aos nossos receios quanto à segurança do homem, os agentes atuaram e removeram a vítima do território do consulado".

Esta quarta-feira, o MNE chinês disse que apresentou uma queixa ao Reino Unido, alegando que alguns dos funcionários do consulado ficaram feridos durante "a entrada ilegal" dos manifestantes, exigindo aos britânicos que façam mais para proteger os diplomatas estrangeiros sediados na Grã-Bretanha.

Entretanto, o chefe da diplomacia britânica, James Cleverly, convocou o chargé d'affaires chinês, Yang Xiaoguang, na prática o vice-embaixador da China em Londres, para lhe exigir uma explicação sobre o que aconteceu no consulado em Manchester.

Alguns deputados britânicos exigem ao Governo que vá mais longe após o sucedido, incluindo o trabalhista Andrew Gwynne.

"Se estes incidentes tivessem acontecido nas ruas de Hong Kong, teria havido, e bem, indignação por parte do Governo britânico. Isto aconteceu nas ruas de Manchester e temos esta situação em que o ministro basicamente manda um memo à embaixada chinesa a propor um chá e uma conversa com o embaixador."

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