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Kanye West quer comprar Parler, rede social de direita radical

17 out, 2022 - 19:30 • Pedro Valente Lima

O anúncio surge depois de o rapper norte-americano ter sido banido de Facebook, Instagram e Twitter, por sucessivas publicações de teor antissemita.

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O rapper norte-americano Kanye West pretende adquirir a app Parler, rede social conhecida pela proliferação de ideologias extremistas de direita, especialmente ligadas aos apoiantes do ex-presidente dos EUA Donald Trump.

Num comunicado publicado na plataforma, Kanye afirma que ambas as partes terão chegado a um acordo para a aquisição. "Num mundo em que as opiniões conservadoras são consideradas controversas, temos de garantir o direito a expressarmo-nos livremente", escreve o artista.

Segundo o jornal The New York Times, a Parlement Technologies, empresa-mãe da aplicação, ainda não terá revelado os valores do negócio. A transação deverá concretizar-se até ao final de 2022.

A Parler, com sede em Nashville, no estado americano do Tennessee, já amealhou mais de 56 milhões de dólares (o equivalente a quase 57 milhões de euros) em doações desde a sua fundação, em 2018. Atualmente, rivaliza com a Truth Social, plataforma criada pelo próprio Donald Trump.

A rede social, famosa por albergar discussões e apologistas de ideários de extrema-direita, ultranacionalistas e ultraconservadores, chegou a ser suspensa dos vários mercados de aplicações virtuais, depois da invasão ao Capitólio por apoiantes do antigo presidente norte-americano, a 6 de janeiro de 2021.

Em declarações à Reuters, o diretor executivo da Parlement Technologies, George Farmer, diz que as conversações com Kanye West começaram depois da Semana de Moda de Paris, no início de outubro.

Já nesse evento, Kanye West havia aparecido com um vestuário polémico, ostentando uma t-shirt com a frase "White Lives Matter" ("Vidas Brancas Importam", em português).

Antissemitismo de Kanye coloca redes sociais em alerta

Nos dias que se seguiram, o rapper protagonizou várias publicações antissemitas no Facebook e no Instagram, que entretanto viriam a ser censuradas pelas plataformas.

No Instagram, onde o artista havia publicado fotografias da semana de moda parisiense, o rapper Sean Combs acusou Kanye de antissemitismo, o qual "não tem piada". Kanye West respondeu ao acusar Combs de ser "controlado" pela "agenda" judaica.

O rapper norte-americano foi convidado, inclusivamente, para um programa de entrevistas do YouTube, "Drink Champs". Ao longo da conversa, voltou às conspirações antissemitas e falou ainda sobre a morte de George Floyd às mãos da polícia de Minneapolis - que acredita ter sido causada por overdose de Fentanil.

As contas de Facebook e Instagram do artista chegaram a estar suspensas durante alguns dias e então acabaria por regressar ao Twitter, plataforma da qual esteve ausente cerca de dois anos.

Nesta rede social, o registo não viria a ser diferente. O rapper voltaria ao discurso de ódio contra os judeus, afirmando ser "curioso" que não possa "ser antissemita, porque a comunidade negra também é judaica".

"Tentaram brincar comigo e estão a tentar censurar qualquer um que se oponha à vossa agenda", publicou. O artista seria também banido momentaneamente do Twitter.

Aliás, terá sido esta ação preventiva das várias redes sociais a pressionar o gatilho. Segundo o CEO da Parler, Kanye revelou a sua intenção de comprar depois de ter sido banido do Instagram. Para George Farmer. a aquisição "irá fortalecer a habilidade" da plataforma para "criar um ecossistema incancelável".

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