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Missionário português no Brasil: “A nossa expectativa é mandar Bolsonaro para casa”

01 out, 2022 - 14:30 • Henrique Cunha

Alfredo Gonçalves, nascido na Madeira, está há 50 anos no Brasil e é missionário scalabriano. “Talvez a gente consiga tirar o Presidente Bolsonaro da jogada já no primeiro turno para começar a renovar o país”, declara, em entrevista à Renascença.

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O padre Alfredo Gonçalves, missionário português no Brasil, manifesta em entrevista à Renascença a vontade do país em se livrar do atual Presidente nas eleições de domingo.

“Talvez a gente consiga tirar o Presidente Bolsonaro da jogada já no primeiro turno para começar a renovar o país”, declara.

“A nossa expectativa é mandar Bolsonaro para casa”, reforça o sacerdote, sem deixar de assumir que teme que se verificque um aumento da violência em caso de derrota de Bolsonaro.

O missionário, madeirense de nascimento, garante que o Presidente brasileiro “não bate de frente com a Igreja católica porque perderia votos”, mas adianta que Bolsonaro “mantém uma forte ligação com a Igreja pentecostal”.

Alfredo Gonçalves está há 50 anos no Brasil e é missionário scalabriano, uma congregação que se dedica ao trabalho com as migrações. Atualmente, é assessor para a Mobilidade Humana da Conferência Episcopal brasileira.

Que resultado espera das eleições de domingo?

As expectativas dos grupos mais ligados aos movimentos sociais, aos movimentos de organização, às organizações não governamentais e também às pastorais e sociais da Igreja é de que a gente consiga, realmente, tirar o Presidente Bolsonaro da jogada já no primeiro turno para começar a renovar o país.

Para começar a reconstruir o país, porque o país sofreu um grande desmonte das políticas públicas e das políticas que defendem os mais pobres, indígenas, negros, mulheres, das políticas de educação, de saúde.

A nossa expectativa é realmente mandar o Bolsonaro para casa e continuar tentando refazer o país com o Presidente Lula.

A sociedade brasileira não está demasiado dividida ,tendo em consideração a importância da unidade para o futuro do país?

De facto, existe no Brasil uma grande divisão. Essa divisão tem sido altamente danosa. Na última eleição que elegeu Bolsonaro, essa divisão estava muito forte nas redes sociais ou nas redes digitais. Hoje, ela desceu às ruas. Hoje ela divide famílias, divide grupos, divide pai contra filho, divide matrimónios, divide movimentos sociais, entrou nas igrejas, entrou no trabalho.

Hoje, por todo lado, ela é extremamente danosa. Ela tem criado uma violência que está crescendo cada vez mais. Já várias pessoas foram assassinadas. Várias pessoas sofreram atentados e você, hoje, em São Paulo, se sair com uma camisa vermelha, por exemplo, é um perigo de levar alguma agressão por parte dos bolsonaristas.

Até que ponto uma eventual derrota de Bolsonaro pode acentuar ainda mais essa violência?

Pode. Pode... O Presidente Bolsonaro faz de tudo para acentuar isso porque nada tem a perder. No momento atual, a única coisa que ele quer é o tumulto. Quanto mais tumultuadas as coisas estiverem, para ele é melhor. Primeiro, porque no tumulto ele consegue judicializar as eleições. Segundo, porque no tumulto as pessoas tendem a votar à direita. Então, ele está tentando de toda a forma tumultuar as eleições junto ao judiciário, junto à imprensa, junto ao poder publico e tentando armar a população ao máximo para facilitar esses tumultos.

O que é que a Igreja Católica espera, tanto do resultado eleitoral como do futuro do Brasil?

Na verdade, Bolsonaro não bete de frente com a Igreja Católica. Ele sabe que aí ele perde votos. O que ele faz é incentivar muito a ligação com os pentecostais. Mesmo sem bater de frente com a Igreja Católica, ele incentiva muito os pentecostais. Ele está fortemente ligado aos pentecostais. Ele viaja sempre com pastores do lado dele. Os pastores têm forte transito no governo dele, mas do lado da Igreja Católica, a Igreja Católica no Brasil nunca costumou falar nomes para eleições. Ela desenvolve critérios e esses critérios seguem na linha do bom senso, dos direitos humanos, do respeito à liberdade de todas as opiniões. Enfim, a Igreja Católica tenta colocar esses critérios.

O direito de liberdade de Bolsonaro é o direito de agressão. Agressão por meio de armas, agressão por meio da televisão, agressão através da imprensa e assim por diante. Tanto é verdade que várias falas dele e várias propagandas dele têm sido retirados do ar por parte do poder judiciário e por parte das redes sociais.

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