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Compromisso Verde

Despovoamento do interior é inevitável e aposta deve ser na renaturalização, dizem ambientalistas

14 set, 2022 - 18:01 • Cristina Nascimento , João Campelo (sonorização)

Associação ambientalista Zero lembra que a vastidão dos territórios implicaria ter disponíveis “fundos quase ilimitados” para fazer uma gestão humana do território.

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Despovoamento do interior é inevitável e aposta deve ser na renaturalização, dizem ambientalistas

A associação ambientalista Zero acredita que o despovoamento do interior não pode ser combatido e os decisores políticos deviam apostar na renaturalização dessas partes do território.

“É uma solução que tem de ser adotada, mas que vai ser adotada, quer queiramos, quer não, porque o abandono está aí e há vastas áreas do território natural que não têm sequer potencial para terem valor de aproveitamento económico e não temos recursos públicos, nem privados para fazer uma intervenção à escala da paisagem”, explica Paulo Lucas, desta associação.

Este especialista lembra que os territórios em causa são “gigantescos que necessitam de recursos quase ilimitados para serem intervencionados” e, por isso, defende uma estratégia de renaturalização, um conceito pouco divulgado que prevê que uma parte do território volte ao seu estado mais selvagem com o mínimo de intervenção humana.

Pelas contas da associação ambientalista, Portugal tem milhares de hectares que podiam entrar nesta lógica de renaturalização e já há quem a ponha em prática.

É o caso da Rewilding Portugal, uma associação sem fins lucrativos que tem trabalhado sobretudo na zona do Côa, em quatro áreas principais, num total superior a dois mil hectares. Pedro Prata, desta associação, explica que aqui é que têm manadas de sorraias selvagens [cavalos] e procuram trazer outros herbívoros de grande porte, entre outros objetivos.

Para fazer este trabalho, a Rewilding Portugal tem comprado algumas terras porque, explica Pedro Prata, “uma das grandes dificuldades tem a ver com a estrutura de propriedade do nosso país. Portugal”.

“Portanto qualquer iniciativa, tentativa de gerir ou de restaurar ou de conservar um determinado espaço, habitat dentro até de uma área classificada, tem a dificuldade de ter que lidar com o proprietário dessa área, sendo que os objetivos ou os interesses desses proprietários podem não ser coincidentes com os objetivos da sua classificação ou conservação do ponto de vista natural”, detalha Pedro Prata.

O trabalho da Rewilding da Portugal também tem passado por sensibilizar a população e ajudar até a rentabilizar as atividades económicas locais….

A renaturalização do território é o tema desta semana do podcast “Compromisso Verde”, uma parceria da Renascença com a Euranet Plus.

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