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Guerra na Ucrânia

AIEA envia missão. Inspetores chegam à central nuclear de Zaporíjia "nos próximos dias"

25 ago, 2022 - 13:38 • Lusa

"A hipótese de uma fiscalização é iminente", adianta diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica.

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O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, disse esta quinta-feira que a inspeção à central nuclear de Zaporijia, na Ucrânia, poderá ocorrer "nos próximos dias", enquanto a Rússia prometeu colaborar.

Em entrevista ao canal France 24, depois de um encontro em Paris esta manhã com o presidente francês Emmanuel Macron, Grossi disse que "há um acordo de princípio" com a Ucrânia e a Rússia sobre a visita à central nuclear de Zaporíjia , no sul da Ucrânia e sob controlo russo, e que estão a ser discutidos os detalhes da inspeção técnica.

"A hipótese de uma fiscalização é iminente", adiantou, especificando que a inspeção poderá ser realizada dentro de poucos dias.

Segundo Grossi, houve "dúvidas e objeções políticas" de ambos os lados, mas não há bloqueio, acrescentou o responsável da agência da ONU.

"Acho que estamos muito próximos de ambos os lados aceitarem a visita. Não podemos arriscar, além do drama da guerra, um acidente nuclear."

Na quarta-feira, Rafael Grossi, reuniu-se em Istambul com uma delegação russa liderada pelo chefe de empresa estatal russa de energia nuclear Rosatom, Alexei Likhachov, para discutir a possível inspeção da central.

Também hoje, o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, garantiu ao seu homólogo francês, Sébastien Lecornu, que a Rússia prestará a assistência necessária à AIEA para a visita à central nuclear de Zaporíjia .

Numa conversa telefónica promovida por Paris, Shoigu salientou à França a "importância das visitas do pessoal da AIEA à central nuclear de Zaporíjia e a disponibilidade para prestar a assistência necessária aos inspetores da organização".

Numa breve declaração publicada na rede social Telegram, o ministro russo também comentou com o homólogo francês a sua avaliação sobre as "ações das Forças Armadas ucranianas que podem perturbar o funcionamento seguro da central".

Na terça-feira passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, discutiu também com a sua homóloga francesa, Catherine Colonna, as condições da missão da AIEA na central nuclear.

Segundo o Presidente francês, Emmanuel Macron, a inspeção já tem também a luz verde do presidente russo, Vladimir Putin.

A situação nas proximidades da central foi um motivo de preocupação internacional das últimas semanas, depois dos recentes bombardeamentos nas imediações, dos quais a Moscovo e Kiev se acusam mutuamente e que suscitaram alarmes sobre um possível acidente nuclear.

Na quarta-feira, quando passaram seis meses desde o início da invasão russa, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia no Conselho de Segurança da ONU de "deixar o mundo à beira de uma catástrofe radioativa", transformando a fábrica de Zaporíjia , que está sob o controlo das forças russas desde 04 de março, "numa zona de combate".

Segundo Zelensky, a Rússia está a usar a fábrica como "provocação", com os bombardeamentos e o envio de "terroristas" para a zona, ameaçando assim toda a Europa e outras regiões vizinhas.

O líder ucraniano apoiou o envio de uma missão da AIEA a Zaporíjia e solicitou que a agência assumisse o "controlo permanente" das instalações.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções em todos os setores, da banca à energia e ao desporto.

Na guerra, que hoje entrou no seu 183.º dia, a ONU apresentou como confirmados 5.587 civis mortos e 7.890 feridos, sublinhando que os números reais são muito superiores e só serão conhecidos no final do conflito.

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