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Dia da Ucrânia. Rússia fala em operação de sucesso, Europa pede fim de "guerra inaceitável"

24 ago, 2022 - 13:14 • Redação com Lusa

Os seis meses da invasão russa da Ucrânia coincidem esta quarta-feira com a celebração do Dia da Independência do país. Zelensky já garantiu que luta será "até ao fim".

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A Rússia garantiu esta quarta-feira, seis meses após o início da campanha militar na Ucrânia, que as operações no país vizinho estão a decorrer conforme o planeado e que "todos os objetivos serão alcançados".

"A operação militar especial está a decorrer conforme o planeado e todos os objetivos serão alcançados", disse o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, citado pela agência de notícias oficial TASS, durante uma reunião com os seus homólogos da Organização para Cooperação de Xangai, em Tashkent, no Uzbequistão.

A Ucrânia está a assinalar hoje os seis meses da invasão do seu território pela Rússia, em 24 de fevereiro, com uma exposição em Kiev de equipamento militar destruído ao inimigo.

Os seis meses da guerra coincidem com o 31.º aniversário da independência da Ucrânia, declarada em 24 de agosto de 1991.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

"Vamos lutar pela nossa terra até ao fim"

Num discurso à nação para assinalar este dia, o Presidente Volodymyr Zelensky disse hoje que a Ucrânia vai lutar" até ao fim" sem "nenhuma concessão ou compromisso".

"Vamos lutar pela nossa terra até ao fim. Estamos a aguentar há seis meses. É difícil, mas cerramos os punhos e estamos a lutar pelo nosso destino", disse.

"Para nós, a Ucrânia é toda a Ucrânia. Todas as 25 regiões, sem concessões ou compromissos."

"O que é para nós o fim da guerra? Antes dissemos paz, agora dizemos vitória. Não vamos tentar dar-nos bem com os terroristas russos", frisou Volodymyr Zelensky.

UE destaca "defesa corajosa" face à Rússia

Na sua saudação aos ucranianos pelo seu Dia da Independência, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, vincou que a independência e a liberdade ucranianas são “a independência e a liberdade” europeias e destacou a “defesa corajosa” face à Rússia.

“Caros amigos ucranianos, hoje é o Dia da Independência da Ucrânia. Uma independência que estão a defender corajosamente há seis meses contra a Rússia. A União Europeia está aqui para vos apoiar”, escreveu Charles Michel numa publicação na rede social Twitter.

“A vossa independência é a nossa. A vossa liberdade é a nossa liberdade. O vosso futuro é o futuro da União Europeia.”

“É tempo de vos desejar uma feliz celebração da independência porque vocês estão a sofrer e a lutar para defender a vossa pátria, para defender o futuro do seu país e o futuro dos vossos filhos, mas também estão a lutar para defender os nossos valores e princípios europeus comuns”, disse também Charles Michel, numa mensagem em vídeo publicada junto à mensagem no Twitter.

O presidente do Conselho Europeu garantiu ainda “o máximo apoio possível” da União Europeia “para proteger e defender a independência, a soberania e a integridade territorial” da Ucrânia.

Receio de mais ataques russos

A data, que comemora este ano o 31.º aniversário da independência da Ucrânia – declarada em 24 de agosto de 1991, pouco antes da dissolução formal da União Soviética, de que fazia parte -, é assinalada com restrições e medidas adicionais de segurança um pouco por todo o país, devido ao receio de mais ataques russos numa semana de forte simbolismo.

A efeméride será também assinalada em outras cidades europeias, como é caso de Lisboa, com a realização de uma cerimónia simbólica comemorativa, e de Berlim, onde está agendada uma “marcha pela liberdade”.

Ao longo dos últimos seis meses, o conflito no território ucraniano deixou um rasto de destruição no país, provocou um número incerto de vítimas civis e de prisioneiros, mobilizou milhões em ajuda militar e humanitária e suscitou sanções contra Moscovo e várias mudanças no cenário geoestratégico mundial.

A ONU já confirmou a morte de mais de 5.500 civis, mas continua a alertar que o número será consideravelmente superior.

No campo dos prejuízos e da destruição de infraestruturas, a Escola de Economia de Kiev (KSE) anteviu recentemente que as perdas causadas pela guerra poderão rondar os 113.500 milhões de dólares (mais de 114.000 milhões de euros, ao câmbio atual).

OSCE pede fim imediato de guerra "inaceitável"

É preciso pôr fim à guerra e ao "trágico sofrimento e a perda de vidas que continua a causar", destacou esta manhã o presidente da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Zbigniew Rau.

"A guerra contra a Ucrânia é injustificável e inaceitável. É uma clara violação do direito internacional e de todos os princípios sobre os quais a nossa organização foi fundada. Deve parar imediatamente", declarou Rau num comunicado, que assinala os seis meses do conflito.

"A guerra não provocada que a Federação Russa lançou contra a Ucrânia causou uma destruição e um sofrimento indescritíveis. Vimos milhares de pessoas inocentes morrerem em ataques indiscriminados em toda a Ucrânia", disse o presidente da OSCE, que exerce o cargo de forma rotativa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, que este ano ocupa a presidência da OSCE, sublinhou ainda que os ataques russos deixaram milhões de civis sem acesso a recursos essenciais e causaram "a maior crise humanitária na Europa desde a Segunda Guerra Mundial".

Rau alertou para o risco de tráfico humano de mulheres e crianças que fogem do conflito e condenou a deportação forçada de cidadãos ucranianos para a Rússia.

Por último, Rau exortou os 57 Estados membros da OSCE a trabalharem juntos pela paz e segurança e reafirmou o compromisso da OSCE com a população ucraniana.

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