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Myanmar

Condenação "injusta". UE pede libertação imediata de Suu Kyi

16 ago, 2022 - 09:47 • Lusa

O chefe da diplomacia da União Europeia classificou, na segunda-feira, como injusta a condenação da ex-dirigente birmanesa Aung San Suu Kyi a uma nova pena de prisão, apelando ao regime militar para que a "liberte imediatamente".

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"Condeno a injusta sentença de Aung San Suu Kyi a mais seis anos e prisão e apelo ao regime birmanês para que a liberte imediatamente e sem condições, assim como a todos os prisioneiros políticos, e para que respeite a vontade popular", disse Josep Borrell numa mensagem na rede social Twitter.

Na segunda-feira, a ex-dirigente de Myanmar (antiga Birmânia) foi condenada a mais seis anos de prisão, que se juntam aos 11 anos de detenção a que já estava sujeita.

Suu Kyi, Nobel da Paz e líder de facto do Governo deposto em fevereiro de 2021 pelas forças armadas, foi condenada por quatro acusações de corrupção relativas à atividade de uma organização não-governamental.

As autoridades acusam-na de provocar perdas para o Estado de mais de 24,2 mil milhões de kyats (11,3 milhões de euros) por ceder terrenos públicos a preços baixos à Fundação Daw Khin Kyi, que tem o nome da mãe de Suu Kyi.

Com a pena anunciada, Suu Kyi acumula condenações no total de 17 anos de prisão e a lista poderá continuar a aumentar, já que há outros processos pendentes.

A condenação de hoje mereceu também a condenação do Governo dos Estados Unidos da América, que a considerou "uma afronta à Justiça e ao Estado de direito".

Um porta-voz do Departamento de Estado denunciou "a prisão injusta e a condenação" da Nobel da Paz, afastada do poder pelo golpe militar de 2021, e apelou à "libertação imediata de Aung San Suu Kyi e de todos os que foram injustamente detidos, nomeadamente os representantes democraticamente eleitos".

Detida na sequência do golpe militar de 1 de fevereiro de 2021, que pôs fim a uma década de transição democrática em Myanmar, Suu Kyi foi colocada em isolamento numa prisão de Naypyidaw em finais de junho.

O julgamento, que começou há mais de um ano, decorreu à porta fechada num tribunal instalado no centro penitenciário onde Suu Kyi se encontra presa.

Os seus advogados estão proibidos de falar à imprensa e a organizações internacionais.

A ex-dirigente é acusada de diversas infrações, nomeadamente violação de uma lei sobre os segredos de Estado que data do tempo colonial, fraude eleitoral, sedição ou corrupção.

Vários observadores denunciam, no entanto, um processo apenas motivado por questões políticas, que visa afastar definitivamente da política a birmanesa, filha do herói da independência e grande vencedora das eleições de 2015 e 2020.

Vários políticos próximos da Nobel de 1991 já foram condenados a penas pesadas.

Um antigo deputado do seu partido foi executado em julho e três outros militantes pró-democracia foram condenados à morte.

Aung San Suu Kyi passou mais de 15 anos em prisão domiciliária sob as anteriores ditaduras militares.

O golpe de Estado de fevereiro de 2021 fez mergulhar o país no caos.

Quase 2.100 civis foram mortos pelas forças de segurança e 15.000 foram detidos, segundo uma organização local.

O exército tomou o poder pela força sob o pretexto de fraude nas eleições de 2020, que foram ganhas com vasta maioria pelo partido de Suu Kyi.

A junta militar promete um novo escrutínio em 2023.

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