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Agentes que protegiam Mike Pence temeram pela vida no ataque ao Capitólio

22 jul, 2022 - 10:38 • Lusa

Foi o então vice-presidente dos EUA que acabou por ordenar o destacamento do exército e da Guarda Nacional para recuperar o controlo da situação, perante mais de três horas de inação por parte de Donald Trump.

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Os agentes que protegiam o então vice-presidente norte-americano Mike Pence no dia do ataque ao Capitólio, a 6 de janeiro de 2021, temeram pela vida e telefonaram às famílias para se despedirem.

“Os membros da equipa de segurança do vice-presidente começavam a temer pelas suas próprias vidas”, afirmou um oficial de segurança da Casa Branca, cuja identidade não foi revelada, na oitava audiência da comissão parlamentar que investiga o assalto. “Havia muitos gritos e muitos telefonemas pessoais, para se despedirem das famílias“.

Descrevendo uma situação caótica, ouvida nas comunicações de rádio, o oficial do Conselho de Segurança Nacional disse que os agentes estiveram “muito perto” de usar “opções letais ou pior”.

A comissão partilhou vídeos e comunicações de rádio dos agentes que estavam a tentar afastar Mike Pence do perigo, mostrando as dificuldades para encontrarem caminhos desobstruídos depois de os manifestantes terem invadido o Capitólio em busca do vice-presidente.

A certa altura, Pence esteve a apenas metros dos invasores, que confrontavam a polícia no piso inferior enquanto os agentes comunicavam para tentar identificar uma rota de fuga.

Seria Pence que acabaria por ordenar o destacamento do exército e da Guarda Nacional para recuperar o controlo da situação, segundo testemunhou o general Mark Milley, perante a inação do então presidente Donald Trump.

Foram também mostradas imagens do senador republicano Josh Hawley, que ao início da tarde levantou o punho em solidariedade para com os invasores mas depois teve de fugir quando os legisladores foram encurralados no congresso.

“Não há nenhum sítio seguro para estes c****** se esconderem”, disse um dos invasores via walkie-talkie, em comunicações obtidas pela comissão. “Foi para isto que nós treinámos”, disse outro, perante as notícias de que os legisladores estavam em fuga.

A oitava audiência pública, que se focou na inação de Trump por mais de três horas durante o assalto, incluiu a corroboração do testemunho da ex-assessora da Casa Branca, Cassidy Hutchinson.

Hutchinson, ex-assessora do chefe de gabinete Mark Meadows, testemunhou, na sexta audiência pública, que Donald Trump teve uma altercação física com o agente do Serviço Secreto quando este se recusou a conduzi-lo até ao Capitólio a 6 de janeiro.

A veracidade do testemunho foi confirmada pelo sargento Mark Robinson, que fazia parte da escolta motorizada do carro presidencial no dia do ataque.

A congressista Elaine Luria disse que a comissão recebeu confirmação de uma segunda testemunha, um ex-funcionário da Casa Branca, que contou uma história similar à de Hutchinson.

A ira de Trump para com o agente Robert Engel tinha sido colocada em causa por aliados do ex-presidente quando Cassidy Hutchinson testemunhou em público.

Depois de seis semanas de audiências com grande alcance mediático, a comissão parlamentar que investiga o ataque ao Capitólio vai fazer uma pausa e regressar em setembro.

A vice-presidente da comissão, Liz Cheney, disse que o trabalho está a intensificar-se, com o orgão a receber denúncias, documentação e cooperação de testemunhas.

“A barragem começou a ceder”, afirmou a congressista republicana, que devido ao seu trabalho na comissão, liderada pelos democratas, deverá perder as primárias em agosto e ver a sua carreira no Congresso chegar ao fim.

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