07 jul, 2022 - 18:20 • Pedro Mesquita , com redação
O jornalista José Pimenta de França - na altura ao serviço da Agência Lusa - foi vizinho de Boris Johnson em Bruxelas e não tem dúvidas: “Jornalisticamente era absolutamente inconfiável, não tinha referência moral”.
Há 30 anos, Boris Johnson “era um jovem jornalista, de sangue na guelra, muito folgazão, muito bem-disposto e que era uma autêntica vedeta nas conferências de imprensa diárias na Comissão Europeia”.
Conta José Pimenta de França à Renascença que Boris Johnson “todos os dias fazia perguntas incómodas, extremamente fora do vulgar e no dia seguinte saiam coisas verdadeiramente mirabolantes”.
“Íamos aos mesmos serviços, cobríamos os mesmos assuntos, os mesmos Conselho de Ministros, as mesmas reuniões da Comissão Europeia e ele, no outro dia, tinha sempre peças completamente diversas da corrente jornalística”, refere.
José Pimenta de França reforça: o jovem jornalista inglês “era um tipo com grande sentido de humor, um bom copo, um bom prato, boa convivência. Jornalisticamente é absolutamente inconfiável, não tinha referência moral”.
“Não estava a fazer jornalismo, estava a fazer política”, acrescenta.
José Pimenta de França nunca acreditou que Johnson “chegasse a primeiro-ministro”. “É tão trapalhão e tão aldrabão que acabaria por tropeçar nas suas próprias aldrabices”.
Boris Johnson foi jornalista. Em 1987 foi despedido do “The Times” depois de ter "fabricado" uma citação. E voltou a ser "criativo", depois, como correspondente do “Daily Telegraph”, em Bruxelas, entre 1989 e 1994.
Esta quinta-feira, Boris Johnson demitiu-se de primeiro-ministro britânico e da liderança do partido conservador, após uma crise governamental que levou a dezenas de saídas do executivo.