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Boris Johnson confirma renúncia ao cargo. "Em política ninguém é indispensável"

07 jul, 2022 - 12:30 • Olímpia Mairos com redação

Primeiro-ministro britânico cede à "clara vontade do grupo parlamentar conservador" e promete abandonar Governo mal um sucessor seja escolhido, em outubro. Anúncio surge após mais de 50 demissões no executivo.

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Boris demite-se, após debandada no Governo. "O instinto de rebanho é poderoso"
Boris demite-se, após debandada no Governo. "O instinto de rebanho é poderoso"

O primeiro-ministro do Reino Unido anunciou esta quinta-feira que renuncia à liderança do Partido Conservador, embora pretenda permanecer à frente do Governo até que o seu substituto seja eleito no outono.

"É claramente a vontade do grupo parlamentar conservador que haja um novo líder do Partido Conservador e, portanto, um novo primeiro-ministro", declarou Boris Johnson numa comunicação ao país ao início da tarde.

O processo de eleição do próximo líder começará agora e o cronograma será anunciado na próxima semana, adiantou. Espera-se que o novo líder conservador seja eleito quando o congresso anual do partido for realizado, entre 2 e 5 de outubro, na cidade inglesa de Birmingham.

"Lamento não ter tido sucesso a convencer [os conservadores de que não é altura de mudar de liderança] e custa não poder concretizar tantas ideias e projetos. Mas como visto em Westminster o instinto de rebanho é poderoso e quando o rebanho se move, move-se", acrescentou Boris, destacando que "na política ninguém é indispensável".

No mesmo discurso, Boris Johnson disse estar "triste" por desistir daquele que considera ser "o melhor emprego do mundo" e classificou de "absurda" uma potencial mudança de Governo, rejeitando a ideia de eleições antecipadas num momento em que "o cenário económico é tão difícil nacional e internacionalmente".

A concluir, Boris garantiu que os interesses do público serão atendidos até que seja encontrado um novo líder do Partido Conservador, que deverá assumir a chefia do Governo.

Sobre a resistência a abandonar o cargo, o demissionário explicou: “A razão pela qual lutei tanto nos últimos dias para continuar este mandato não foi só porque queria, mas porque sentia que era o meu trabalho, o meu dever, a minha obrigação para convosco.”

"Ser primeiro-ministro é uma educação em si - viajei para todas as partes do Reino Unido e encontrei tantas pessoas possuidoras de uma originalidade britânica sem limites e tão dispostas a enfrentar velhos problemas de novas maneiras. Mesmo que as coisas por vezes pareçam sombrias, o nosso futuro juntos é dourado."

Demissão é "boa notícia"

A decisão surge após mais de 50 demissões no Governo. Ainda esta manhã, mais seis ministros abandonaram o executivo de Johnson.

Ainda ontem, quarta-feira dia 6 de julho, o primeiro-ministro recusou os apelos de alguns dos seus ministros para se demitir.

São cada vez mais os membros do Governo que decidiram renunciar aos cargos em protesto pelos contínuos escândalos que envolvem Boris Johnson, na sequência do polémico caso "pinchergate", um escândalo sexual que envolveu Chris Pincher, que era o responsável pela disciplina parlamentar dos deputados conservadores.

A demissão de Johnson é uma "boa notícia", considera o líder do principal partido da oposição (Partido Trabalhista).

Keir Starmer defende, no entanto, que apenas mudar o líder do Partido Conservador não é suficiente. É preciso uma "mudança de Governo", sublinha.

Sob as regras em vigor, o Partido Conservador dará agora início a um processo de eleição interna de um novo líder que assumirá automaticamente a chefia do executivo britânico.

Quem assumir as lides do partido pode, ainda assim, decidir convocar eleições antecipadas como já está a ser pedido pela oposição.

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