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Portugal abandona associação internacional em protesto contra presidente russa pró-Putin

28 jun, 2022 - 20:05 • João Carlos Malta

A ação do presidente Francisco Assis surge na sequência do pedido de demissão da presidência russa feita por 12 países europeus. Falta de maioria qualificada para avançar com saída, leva Portugal a suspender a participação nesta organização.

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Portugal decidiu abandonar temporariamente a Associação Internacional de Conselhos Económicos e Sociais, depois de 12 países europeus terem pedido que a Lydia Mikheeva, que lidera a organização desde 2021 e termina o mandato no próximo ano.

Na origem da decisão tomada por Portugal está o facto de Mikheeva ter feito declarações em que, segundo o presidente do CES português, Francisco Assis,"suavizou a posição russa em relação à Ucrânia”.

Agora 12 países europeus apresentaram um documento solicitando a demissão da presidente por ela se ter identificado com a posição do governo russo em relação ao conflito.

Assis, em declarações à Renascença, diz que na reunião desta tarde daquela organização em Atenas, Grécia, houve intervenções do CES espanhol, francês e português “pedindo a demissão da presidente com base nesta argumentação”.

Mas o resultado da iniciativa em termos práticos foi nulo, porque, segundo Assis, “a senhora não só se demitiu, como a maior parte dos países, são 78, não nos acompanharam”.

Ainda assim, e em protesto, “nós, os franceses e os espanhóis decidimos que abandonávamos os trabalhos desta organização enquanto permanecesse esta presidência russa, e enquanto permaneça esta atitude da Rússia em relação à Ucrânia”.

A falta de apoio a esta iniciativa dos países europeus, segundo Francisco Assis é bastante exemplificativa do que se passa em outras organizações internacionais.

“O que tenho notado em várias instituições internacionais, há uma grande preocupação dos países ocidentais em condenar a Rússia, e há uma relativa indiferença de outros países de outros lados do mundo em relação a este assunto. E isto deve ser motivo de ampla meditação”, sugere.

Esta divisão entre Ocidente e o resto do mundo ficou patente segundo Assis na intervenção, por exemplo, do representante chinês.

“Entrei em polémica com o representante da China que considerava que isto eram apenas duas partes que deviam dialogar e que estavam na mesma posição, e tive de lembrar que não estão na mesma posição. Há um agressor e um agredido, que os misseis estão na Rússia e os feridos e os mortos na Ucrânia. São situações diferentes”, rematou.

A Associação Internacional de Conselhos Económicos e Sociais nasceu em 1999 e é liderada pela Rússia desde 2021. É composta por 78 países, a maioria do continente europeu e africano.

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