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Ucrânia

“Normalização” da guerra pode ter implicações ao nível da solidariedade

25 jun, 2022 - 08:37 • Henrique Cunha

“Muitas pessoas tinham expectativa de que seria uma guerra curta, e de que estavam a ajudar durante algum tempo e a dar o melhor, e que até colocaram as suas casas à disposição, e que agora legitimamente quererão voltar à sua intimidade familiar”, diz Pedro Neto, diretor executivo da secção portuguesa da Amnistia Internacional, à Renascença.

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A Amnistia Internacional receia que o prolongar do conflito na Ucrânia possa “esbater a energia inicial”. Pedro Neto, diretor executivo da secção portuguesa da Amnistia Internacional afirma que “essa é uma questão que preocupa muito num futuro próximo, pois é uma questão sociológica”.

Ou seja, “quanto mais distante ficarmos daquele primeiro choque emocional que levou muitas pessoas a apoiar, e a agir em solidariedade com a Ucrânia, mais se esbate aquela energia inicial”.

Por outro lado, o responsável lembra que “muitas pessoas tinham expectativa de que seria uma guerra curta, e de que estavam a ajudar durante algum tempo e a dar o melhor, e que até colocaram as suas casas à disposição, e que agora legitimamente quererão voltar à sua intimidade familiar”.

Pedro Neto defende que “cabe ao Estado regulamentar, equilibrar, incentivar, a que a sociedade civil possa trabalhar na melhor solidariedade possível durante o tempo que ela for necessária”.

Noutro plano, o responsável entende ser necessária "uma resposta mais sistemática" do Estado no que diz respeito às respostas sociais, sobretudo aos refugiados. Pedro Neto afirma que “muitas vezes o Estado delega na sociedade civil as respostas sociais de forma global e esta questão dos refugiados não é exceção”, e não pode “ser apenas delegar, às vezes até com fundos insuficientes e sem um método de trabalho adequado”. Nesse sentido, o responsável quer mais cooperação entre o Estado e a sociedade civil.

“Em Portugal há a necessidade de um maior trabalho e de cooperação entre o Estado e a Sociedade Civil. O Estado sozinho não consegue fazer tudo e a sociedade civil também não. Percebemos isso nesta experiência. A sociedade civil por mais força de vontade não consegue implementar as respostas adequadas”, afirma. E “em Portugal aquilo que vemos muitas vezes é as IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Sociai) e as ONG (Organizações não Governamentais) a fazerem o trabalho que o Estado não quer fazer, e o Estado delega nestas organizações muitas vezes sem sequer os capacitar do ponto metodológico e do ponto de vista financeiro”, sublinha.

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