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Brasil tem 33,1 milhões de pessoas a passar fome

09 jun, 2022 - 08:50 • Lusa

“O povo brasileiro empobreceu progressivamente e enfrentou consequências da precarização da vida, sem o suporte adequado e efetivo de ações do Estado", alerta estudo.

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O número de pessoas a passar fome no Brasil quase que duplicou entre 2020 e 2022, passando de 19 milhões para 33,1 milhões em abril, refere um estudo rede brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.

Para chegar ao montante de pessoas com fome no Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do mundo, foram recolhidos dados em 12.745 domicílios, com entrevistas presenciais de uma pessoa adulta, ou seja, com mais de 18 anos, entre novembro de 2021 e abril de 2022, em 577 municípios em todos os estados do país.

O estudo indicou que em 41,3% dos domicílios brasileiros os moradores alegaram estar em situação de segurança alimentar (88,1 milhões de pessoas), enquanto em 28% havia incerteza quanto ao acesso aos alimentos (59,6 milhões), em 15,2% havia insegurança alimentar moderada (32,3 milhões), e em 15,5 dos domicílios do país a fome voltou a ser uma realidade (33 milhões).

A investigação detetou que mais de metade da população brasileira (58,7% ou 125,2 milhões de pessoas) convive atualmente com insegurança alimentar em algum grau, ou seja, são pessoas preocupadas com a possibilidade de não ter alimento no futuro ou que já passam fome.

“Ao longo dos últimos anos, o povo brasileiro vem empobrecendo progressivamente e enfrentando as consequências da precarização da vida, sem o suporte adequado e efetivo de ações do Estado. O resultado da combinação desses fatores teve reflexos claros na capacidade de acesso à alimentação suficiente e adequada pelas famílias brasileiras e constitui violação do preceito constitucional no Brasil relativo ao direito humano à alimentação adequada”, destacou.

A rede Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) frisou ainda que nos últimos anos a fome no “país regrediu para um patamar equivalente ao da década de 1990”.

As dificuldades de acesso aos alimentos no Brasil foram mais frequentes em domicílios rurais do que nas áreas urbanas.

As formas mais severas de insuficiência alimentar moderada ou grave estavam presentes em cerca de 38% dos domicílios de agricultores familiares e produtores rurais, enquanto nas cidades ficou em 21,8% das habitações.

Regionalmente, nas regiões norte e no nordeste foram encontradas as maiores percentagens de famílias em situação de fome.

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