Tempo
|
A+ / A-

​100 dias de guerra

“Ucrânia não está disponível para trocar paz por território”

03 jun, 2022 - 15:34 • Filipa Ribeiro

Para o general Arnaut Moreira, não há nenhum dos lados que seja claramente mais forte e admite que o conflito pode continuar por muito tempo.

A+ / A-

O general Arnaut Moreira considera que “a Ucrânia não está disponível, pelo menos para já, para trocar paz por território”.

É a leitura feita pelo militar português, numa altura em que se assinalam 100 dias desde o início do conflito militar.

Arnaut Moreira diz que, neste momento, trocar paz por território seria “o fim político de Zelensky”, pois, argumenta, “o território perdido não é território definitivamente perdido”, dando como exemplo o controlo de cidades no Donbass.

Nestas declarações à Renascença, Arnaut Moreira explica que para assumir completamente o controlo dos territórios que vão conquistando, as tropas russas têm de permanecer com efetivos nas cidades.

O militar lembra que depois da conquista do terreno segue-se “uma fase de permanência de forças militares em apoio das autoridades administrativas que consome imensos recursos”.

Num olhar sobre os dois lados da guerra, Arnaut Moreira diz não ser possível afirmar que um dos lados é mais forte, destacando pontos positivos de ambos os lados.

“Do lado russo há dois factos a assinalar: a conquista do controlo de Mariupol e de Kherston. Do ponto de vista ucraniano, há também vários aspetos: a capacidade de defender, quer Kiev, quer Kharkiv que foi absolutamente extraordinária e obrigou a Rússia a mudar a sua estratégia de ataque à Ucrânia”, explica.

Arnaut Moreira destaca ainda “a capacidade que a Ucrânia tem tido para não dar vitórias fáceis, isto é, mesmo quando concede território a concessão desse território é sempre feita à custa de imensas baixas para os russos quer de pessoal quer de material”.

Questionado sobre se o conflito ainda pode prolongar-se por muito tempo, Arnaut admite que pode levar anos, embora reconheça que a Rússia já está a sofrer economicamente.

“A Rússia esperava uma vitória muito rápida, mas vai perder os seus melhores clientes e isso terá consequências e impactos muito sérios naquilo que é a economia russa e, sobretudo, na capacidade da economia russa sustentar esta guerra”, remata.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Cidadao
    03 jun, 2022 Lisboa 15:03
    O território que Macrons, Draghis, Kissingers e outros falam em "ceder para conquistar a Paz" é "apenas" metade da Itália, ou o que é o mesmo, a superficie da Suíça mais a Austria. E cheio de população que não deve ter interesse nenhum em passar a ser Russa, e cheio de Infraestruturas, parques industriais, enfim, "o melhor bocado" da Ucrânia. O Putin pode esperar deitado, por uma cedência voluntária - a menos que consiga matar Zelensky e por outro Lukashenko no lugar - de território Ucraniano, e a conquista, vai custar-lhe um preço louco para a fazer e mais louco ainda para a manter, pois terá uma guerrilha perpétua no terreno, e tropas Ucranianas na linha de fronteira, o que significa manter fortes guarnições permanentes e isso custa bom dinheiro - que já não terá, quando o Ocidente deixar de lhe comprar combustíveis, e a China e a Índia se prontificarem a comprar, mas por metade do preço pago pelo Ocidente..

Destaques V+