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Operação na Ucrânia não tem prazo e alcançará todos os objetivos, diz Moscovo

24 mai, 2022 - 12:45 • Lusa

Já lá vão três meses desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, contra a qual foram disparados 2.275 mísseis e realizados mais de 3.000 ataques aéreos. Quem o diz é Volodymyr Zelenskiy, segundo o qual "a grande maioria [dos mísseis] visava alvos civis".

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A Rússia não fixou um prazo para a "operação militar especial" que iniciou na Ucrânia há três meses, afirmou o secretário-geral do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev, nesta terça-feira.

"Não estamos a correr para cumprir um prazo” específico, afirmou Patrushev ao jornal russo “Argumenty i Fakti”, ao responder a uma pergunta sobre o tempo da intervenção na Ucrânia, que a Rússia invadiu em 24 de fevereiro.

Patrushev disse que todos os objetivos estabelecidos pelo Presidente russo, Vladimir Putin, serão alcançados.

“A história está do nosso lado”

"Não pode ser de outra forma, porque a verdade, incluindo a verdade histórica, está do nosso lado", afirmou, citado pela agência espanhola EFE.

Ao anunciar a invasão da Ucrânia, na madrugada de 24 de fevereiro, Putin disse que se destinava a proteger as populações russófonas do Donbass e a "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho.

"O nazismo, ou é 100% erradicado ou irá erguer a cabeça dentro de alguns anos, e de uma forma ainda mais feia", disse Patrushev, segundo a agência russa TASS.

Patrushev referiu que na Conferência de Potsdam, em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial, a então União Soviética, os Estados Unidos e o Reino Unido assinaram um acordo para erradicar o militarismo alemão e o nazismo.

"O nosso país estabeleceu tais objetivos em 1945, estabelecemos agora os mesmos objetivos, libertando a Ucrânia do neonazismo", disse.

Patrushev acusou os EUA e o Reino Unido de terem adotado agora, 77 anos depois do acordo de Potsdam, uma "posição diferente, apoiando o nazismo e agindo agressivamente contra a maioria dos países do mundo".

Novas adesões à NATO “obrigam” a resposta

O dirigente russo reiterou que a entrada da Finlândia e da Suécia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) constituirá uma ameaça direta à Rússia, que será obrigada a reagir.

Acusou a aliança de 30 países de não ser um bloco defensivo, como reclama o Ocidente, mas sim um bloco "ofensivo e agressivo".

Na sequência da guerra na Ucrânia, a Suécia e a Finlândia formalizaram as candidaturas à NATO em 18 de maio, pondo fim a uma política histórica de não-alinhamento.

A Rússia partilha uma fronteira terrestre de 1.340 quilómetros com a Finlândia e uma fronteira marítima com a Suécia.

Na semana passada, Putin considerou que a campanha antirrussa que diz ter sido lançada pelos EUA e os seus aliados prova que a Ucrânia é um pretexto para uma "guerra não declarada" contra a Rússia.

Patrushev disse estar convencido de que as "intenções de desencadear" este tipo de guerra "surgiram muito antes de fevereiro", quando a Rússia invadiu a Ucrânia.

A "guerra não declarada" do Ocidente contra a Rússia "teria sido implementada independentemente das ações da Federação Russa", acrescentou.

Mais de 2.200 mísseis contra a Ucrânia em três meses

O Exército russo disparou um total de 2.275 mísseis contra a Ucrânia e realizou mais de 3.000 ataques aéreos nestes três meses de guerra, declarou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, nesta terça-feira.

"No total, desde 24 de fevereiro, o Exército russo lançou 1.474 ataques com mísseis contra a Ucrânia, usando 2.275 foguetes de diferentes tipos", disse Zelensky numa mensagem de vídeo divulgada e publicada pelas agências de notícias locais.

O Presidente ucraniano acrescentou que "a grande maioria [dos mísseis] visava alvos civis".

Segundo Zelenskiy, "em menos de três meses, houve mais de 3.000 ataques aéreos de aviões e helicópteros russos".

"Que outro país resistiu a tal escala de ataques?", questionou.

Zelenskiy pede armas para evitar mais mortes

O Presidente ucraniano sublinhou que quando as autoridades ucranianas dizem aos parceiros ocidentais que precisam de "armas antimísseis modernas, aviões de combate modernos", querem garantir que não irão morrer mais pessoas nesta guerra.

Segundo o chefe de Estado, se tivessem recebido as armas que tantas vezes pediram, estas poderiam ter "garantido a vida de muitas pessoas" que acabaram por morrer no país.

Na sua opinião, todos os parceiros da Ucrânia concordam que a luta de Kiev na guerra contra a Rússia, no fundo, é "proteger os valores de todos os países do mundo livre e a liberdade comum".

"E se assim for, então temos direito a assistência completa e urgente, especialmente armas", insistiu.

"Cada uma das minhas negociações internacionais, cada discurso perante parlamentos ou outras audiências estrangeiras está necessariamente relacionado a esta questão", sublinhou Zelenskiy.

"Agradeço a todos os parceiros que nos ajudam ao fornecer as armas e munições necessárias para superar a vantagem do Exército russo", acrescentou o Presidente ucraniano.

A guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas – cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,3 milhões para os países vizinhos – de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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  • Cidadao
    24 mai, 2022 Lisboa 13:58
    Sem usar armas de destruição maciça, sejam nucleares táticas, químicas, biológicas ou outras, há sérias dúvidas que a Rússia consiga concretizar os planos, principalmente quando a Ucrânia começar a empregar armamento pesado ocidental moderno - até agora o grosso do equipamento Ucraniano é material da era soviética - e começar a preparar contra-ataques em profundidade.

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