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Rússia corta gás à Finlândia e ameaça deixar Ocidente sem cereais

20 mai, 2022 - 12:16 • Olímpia Mairos com agências

Medidas do Kremlin surgem como retaliação às sanções impostas à Rússia e ao pedido de adesão da Finlândia à NATO.

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A Finlândia anunciou esta sexta-feira que a empresa russa Gazprom vai cortar o fornecimento de gás, a partir de sábado de manhã, ao país.

“Na tarde desta sexta-feira, 20 de maio, a Gazprom Export informou a Gasum [empresa estatal finlandesa de energia] que o abastecimento de gás natural à Finlândia será cortado no sábado, 21 de maio, a partir das 4h00 (GMT).”

A empresa finlandesa assegura, no entanto, que vai continuar a fornecer gás aos seus clientes a partir de outras fontes através do gasoduto Balticconnector.

“Temos estado a preparar-nos cuidadosamente para essa situação e, desde que não haja interrupções na rede de transmissão de gás, poderemos fornecer gás a todos os nossos clientes nos próximos meses”, disse o CEO da Gasum, Mika Wiljanen.

No geral, a Finlândia não depende muito do gás russo, mas tem algumas indústrias para as quais este gás é importante.

O corte do gás por parte da Rússia é visto como uma retaliação pelo pedido de adesão dos finlandeses à NATO.

Ocidente pode ficar sem cereais

O ex-presidente russo avançou que Moscovo vai cortar a exportação de cereais para proteção do próprio mercado afirmando que a “potencial” crise alimentar a nível global é provocada pelas “sanções ocidentais”.

“Os países importadores do nosso trigo e outros alimentos vão ficar muito mal sem os abastecimentos da Rússia. Nos campos europeus, sem os nossos fertilizantes vai crescer apenas erva daninha. Pois, temos pena. Eles é que têm a culpa”, escreveu o vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dmitri Medvedev, na rede social VKontakte.

O ex-chefe de Estado russo considera que perante a situação o “Ocidente” deveria renunciar à política de sanções que considerou “infernais”.

“Fica demonstrado mais uma vez que estas sanções infernais não valem um centavo quando se trata de assuntos vitais, como os abastecimentos de hidrocarbonetos destinados ao aquecimento das casas e de comida para alimentar as pessoas”, disse.

Segundo o vice-presidente do Conselho de Segurança russo, o Kremlim está disposto a cumprir plenamente os compromissos, mas para isso “precisa do apoio do ‘Ocidente'”.

“Caso contrário não é lógico: por um lado impõem-nos sanções demenciais e por outro lado exigem-nos o abastecimento de alimentos. Isto não pode ser. Não somos idiotas. Insisto: não vai haver abastecimento ao exterior em detrimento do nosso mercado”, afirmou.

A Rússia é o maior exportador mundial de trigo e a Ucrânia o quinto exportador a nível global. De acordo com os dados do organismo da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO), a Rússia e a Ucrânia, em conjunto, abastecem 14% do trigo garantindo mais de um terço das exportações mundiais de cereais.

Segundo a FAO, a existirem perturbações na cadeia de abastecimento e logística na produção de cereais nos dois países, provocada pela invasão russa do território ucraniano, vão ter importantes efeitos para a segurança alimentar mundial.

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  • Cidadao
    20 mai, 2022 Lisboa 14:52
    Enquanto a questão é entre Ucrânia e Rússia, acho que a NATO não deve intervir diretamente - embora ajudando maciçamente KIEV - na guerra, a menos que a Rússia use armas nucleares, químicas ou biológicas, ou atravesse mesmo "acidentalmente" fronteiras NATO. A partir do momento em que a Rússia quer tomar o Ocidente como refém, é reunir as Marinhas de Guerra Ocidentais e limpar o Báltico, o Mar de Azov, as águas de Odessa, da Marinha Russa. Mas isso é a Guerra... E não estaremos já em guerra?
  • Pena
    20 mai, 2022 Têm as galinhas 14:13
    Coitados dos russos, estão mesmo convencidos que não há portos de águas profundas alternativos a Odessa por onde podem escoar-se os cereais, ou linhas férreas para o fazer, ou industrias de fertilizantes noutro lado que não seja a Rússia. O que não falta são fornecedores alternativos. E nota bem oh Medvev: pena, têm as galinhas

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