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Diário de Guerra

Dia 49. Três da tarde de 21 de abril, o dia e a hora de Zelenskiy no Parlamento português

13 abr, 2022 - 20:12 • André Rodrigues

Moscovo reclama a rendição de mais de 1.000 fuzileiros ucranianos que defendiam a cidade portuária de Mariupol no dia em que os Presidentes da Polónia, Estónia, Letónia e Lituânia viajaram até Kiev para demonstrar apoio a Zelenskiy. Até na frente espacial, há ligações que se perdem: a ESA deixa de colaborar com missões lunares russas. Em terra, o procurador do TPI passou por Bucha e descreveu a Ucrânia como um "cenário de crime".

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Aos 49 dias de guerra na Ucrânia, o destaque vai para a confirmação da presença remota do Presidente da Ucrânia numa sessão solene no Parlamento português a 21 de abril, a partir das 15h00.

A data foi acordada entre o líder ucraniano, Marcelo Rebelo de Sousa e o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva.

Volodymyr Zelenskiy vai falar a uma Assembleia da República que aprovou por larga maioria a sua intervenção, com a exceção do PCP. Será mais uma oportunidade para o Chefe do Estado ucraniano apelar ao apoio internacional ao seu país e a um reforço das sanções à Rússia.

Com Zelenskiy estiveram hoje, presencialmente, os homólogos polaco, letão, estoniano e lituano numa demonstração de solidariedade a Kiev por parte dos países bálticos, que só não foi mais abrangente do conjunto da União Europeia, dada a ausência do Presidente alemão, não por sua vontade, mas porque Kiev terá rejeitado a presença de Frank-Walter Steinmeier, considerado extremamente próximo, e dependente, da Rússia em matéria de fornecimento energético.

Mas será que foi exatamente assim? A polémica foi abordada na conferência de imprensa final do encontro entre Zelenskiy e os homólogos bálticos.

"Não fomos contactados oficialmente pelo Presidente alemão ou pelo seu gabinete para esta visita", disse o Presidente ucraniano, contrariando a versão transmitida, horas antes, por Steinmeier, que alegou que as autoridades ucranianas recusaram recebê-lo em Kiev.

Na reação à reação, um alto funcionário ucraniano negou que Volodymyr Zelenskiy tenha recusado encontrar-se com o Chefe do Estado alemão.

Nos escombros do cerco a Chernihiv
Nos escombros do cerco a Chernihiv

Da diplomacia para o terreno, o Ministério da Defesa russo anunciou a rendição de mais de 1.000 soldados ucranianos, entre eles cerca de 160 oficiais, em Mariupol. Um passo mais na tomada da cidade estratégica junto ao Mar Negro cujo porto já estará sob domínio total das forças armadas russas.

Com quase meia centena de dias de conflito na Ucrânia, o Kremlin volta a avisar que Kiev pode voltar a ser atacada, se a Ucrânia continuar a atacar alvos em solo russo.

De acordo com o jornal britânico Telegraph, a Rússia planeia bombardear centros de comando, além dos que já se encontram cercados pelas tropas de Moscovo.

"Cenário de crime"

Nem os símbolos de devoção religiosa escapam à fúria da guerra. Esta quarta-feira, foi revelado o ataque das tropas russas ao seminário de Vorzel, perto de Kiev. Ao cenário de destruição que deixaram atrás de si, os soldados deixaram outra marca carregada de simbolismo. A imagem de Nossa Senhora foi decapitada.

E o Santuário de Fátima já se disponibilizou para oferecer uma nova imagem da Virgem ao seminário de Vorzel.

Bucha. Após retirar corpos de valas comuns, autoridades investigam alegados crimes de guerra
Bucha. Após retirar corpos de valas comuns, autoridades investigam alegados crimes de guerra

Depois de reveladas as imagens terríveis do massacre de civis em Bucha e Borodianka e, numa altura em que se multiplicam relatos de violações de mulheres e crianças por parte das forças russas, o procurador do TPI tomou o exemplo do que viu em Bucha para afirmar que toda a Ucrânia é "um cenário de crime".

Citado pelo jornal The Guardian, Karim Khan diz haver “motivos razoáveis para acreditar que estão a ser cometidos crimes dentro da jurisdição deste tribunal".

Europa suspende cooperação lunar com a Rússia

A decisão foi anunciada pela Agência Espacial Europeia (ESA) em comunicado: "A agressão russa contra a Ucrânia e as sanções postas em prática representam uma mudança fundamental de circunstâncias e impossibilitam a ESA de executar a cooperação lunar planeada".

Estados Unidos e Japão vão ser os próximos parceiros da Europa na exploração lunar.

Com aparente indiferença a este corte de relações, Moscovo já reagiu, garantindo que a suspensão da cooperação lunar com os europeus não vai afetar o lançamento das missões.

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