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Dia 38 de guerra. Ucrânia diz que voltou a controlar região de Kiev e acusa Rússia de deixar minas durante a retirada

02 abr, 2022 - 21:43 • João Carlos Malta

A Rússia está a deixar o norte da Ucrânia e a capital do país, e a agrupar tropas no leste e sul do país. O Papa pondera ir a Kiev.

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Os ucranianos afirmam que recuperaram o controlo de toda a região de Kiev após a retirada das forças russas das principais cidades próximas da capital, anunciou este sábado a vice-ministra da Defesa ucraniana, Ganna Maliar.

No 38º dia de guerra fica marcado pela recuperação das cidades de "Irpin, Busha, Gostomel e toda a região de Kiev foram libertadas do invasor", disse Maliar através da rede social Facebook.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, já tinha feito uma declaração em vídeo esta madrugada. Na mensagem, garante que as forças russas estão a abandonar o norte do país, "de forma lenta mas visível". Alguns soldados estão a ser expulsos pelo exército ucraniano, mas outros estão a ir por vontade própria, diz.

"Deixam um desastre completo e muitos perigos, é verdade", admite, acrescentando que as forças russas terão deixado minas nas zonas onde estiveram, incluindo em casas, equipamentos e corpos.

Na mesma comunicação, Zelensky acusou os russos de estarem a deixar minas nas zonas de onde estão a retirar.

Entretanto, a ex-procuradora-chefe dos tribunais de crimes de guerra da ONU pediu que o presidente russo, Vladimir Putin, seja preso pela invasão da Ucrânia.

A suíça Carla Del Ponte disse que mandados de prisão internacionais devem ser emitidos contra Putin e outros altos funcionários russos.

"Putin é um criminoso de guerra", disse ela ao jornal suíço Le Temps. Isto num dia em que um dos assessores do presidente ucraniano afirmou que o Governo não espera que ocorra uma "afeganização" da guerra com a Rússia ou que esta se torne "longa e exaustiva".

"Não haverá 'afeganização' e nem um conflito longo e exaustivo pela Federação Russa, como muitos esperam", declarou Podolyak, numa mensagem publicada hoje na rede social Twitter.

De Dnipro chegou também um apelo para Portugal. O presidente da Câmara de Dnipro, a quarta maior da Ucrânia, alertou Portugal a ajudar a parar a Rússia e apontou a cidadania portuguesa atribuída a Roman Abramovich como exemplo de "dinheiro sujo" que contamina as democracias ocidentais.

Borys Filatov admite que Portugal seja menos sensível à questão russa, um sinal de que a União Europeia "é bastante diversificada" e os países do leste europeu "sabem muito bem que Putin não vai parar" e, por isso, "têm uma postura única e comum".

"Não gostaria de comentar a posição de Portugal em particular, mas tudo o que eu quero é que o governo português e o povo português compreendam uma simples verdade: se não pararmos Putin aqui na Ucrânia, ele não vai parar; ele vai continuar a destruir o sistema de segurança mundial, e mais cedo ou mais tarde, isso será um problema para o povo português", explicou Filatov, em entrevista à Lusa.

Numa guerra em que se multiplicam os mortos, este sábado ficou a saber-se que omarido da vice-primeira-ministra para a Integração Europeia e Euro-Atlântica da Ucrânia, Olga Stefanyshyna, morreu durante um bombardeamento, enquanto ajudava a retirar pessoas de Chernihiv. A informação foi confirmada no Twitter pela deputada ucraniana Lesia Vasylenko.

Também o fotojornalista fotojornalista Maks Levin, dado como desaparecido a 13 de março, foi encontrado morto esta sexta-feira. A informação foi confirmada pelo Repórteres sem Fronteiras.

"Estava desarmado e usava um colete a dizer 'Press'", salienta a RSF num tweet, onde relembra que "atacar jornalistas é um crime de guerra".

Por fim, o Papa Francisco estará a ponderar uma visita a Kiev. A informação foi avançada pela Vatican News, este sábado.

Durante o voo rumo a Malta, Francisco falou com os jornalistas e, respondendo a um deles, admitiu que uma eventual viagem a Kiev é uma proposta que está a ser tida em consideração.

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