03 mar, 2022 - 14:18 • Ricardo Vieira, com agências
O Presidente Vladimir Putin falou, esta quinta-feira, com Emmanuel Macron para informar o presidente francês que a invasão da Ucrânia está a decorrer "como previsto" e que o avanço militar da Rússia vai continuar caso os ucranianos não se rendam.
De acordo com um comunicado do Kremlin, nesta conversa telefónica, o Presidente russo, avisou que "os objetivos da operação militar especial serão cumpridos de qualquer maneira”, na Ucrânia.
"Putin expôs em pormenor as abordagens e condições de princípio no contexto das conversações com os representantes de Kiev”, revela o mesmo comunicado que confirma ainda que as declarações “se centraram principalmente na desmilitarização e no estatuto neutro da Ucrânia, para que nenhuma ameaça pudesse emanar do seu território para a Federação Russa".
Por outro lado, foi dito, adianta o Kremlin, que "as tentativas de jogar com o tempo, arrastando as conversações, apenas conduzirão à nossa posição negocial, apresentando a Kiev novas exigências".
Os russos salientam ainda “que durante a operação especial, que vai ser planeada, as Forças Armadas russas estão a fazer todos os possíveis para preservar a vida de cidadãos pacíficos”.
“As armas de precisão estão apenas a ser utilizadas para destruir infraestruturas militares”, é mencionado, acrescentando-se que “alegações de ataques com foguetes e bombardeamentos de Kiev e outras cidades ucranianas, são inconsistentes com a realidade e são elementos da campanha de desinformação anti Rússia".
O Kremlin reafirma a disponibilidade do lado russo para interagir com os seus parceiros estrangeiros, com o objetivo de resolver problemas humanitários agudos" e "apelou ao Presidente da França para que se junte aos esforços para garantir a retirada segura dos cidadãos estrangeiros da Ucrânia”.
Do lado do Presidente da República da França, este telefonema serviu para “defender a alternativa diplomática às operações militares, de dizer a verdade ao Presidente Putin de como vemos esta guerra e as suas consequências para a Rússia a longo prazo e esta conversa, infelizmente, serviu também para ouvir a determinação do Presidente russo para continuar esta operação militar até ao fim", afirmou, esta quinta-feira, fonte do Eliseu, aos jornalistas.
A conversa com o Palácio do Eliseu foi pedida por Moscovo e, segundo a presidência francesa, foi "concentrada, séria, difícil, mas estruturada".
Argumentos como a “desnazificação” da Ucrânia continuaram a ser utilizados pelo dirigente russo, com Emmanuel Macron a argumentar que “isso era uma mentira”, tentando, por outro lado, alertar o seu homólogo russo que o seu país acabará "isolado, enfraquecido e a sofrer sanções durante muitos anos", tentando sensibilizar também para a situação humanitária na Ucrânia, pedindo para serem criados corredores seguros para a saída dos civis.
Macron terá dado a entender que "o pior pode estar para acontecer" e que a Rússia ficará cada vez mais isolada.
O Presidente francês ligou depois a Volodymyr Zelensky com quem se mantém em contacto, tendo o dirigente ucraniano referido que a Ucrânia "não se vai render", embora as negociações prossigam esta quinta-feira entre as duas representações na Bielorrússia.