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Espanha

Guerra interna, espionagem e contrato suspeito. PP espanhol está a "sangrar"

21 fev, 2022 - 16:46 • Rosário Silva

Pablo Casado e Isabel Díaz Ayuso, de costas voltadas, fazem o Partido Popular cair nas sondagens, com a ascensão da extrema-direita. Em causa, de acordo com a imprensa espanhola, acusações de corrupção que visam a esfera familiar da presidente da Comunidade de Madrid.

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Em Espanha, está muito longe de ficar resolvida “a guerra” entre Isabel Díaz Ayuso e o presidente do Partido Popular (PP), Pablo Casado.

Esta segunda-feira, a presidente da Comunidade de Madrid voltou à carga, para dizer que “a situação é insustentável” e que é urgente uma mudança para o bem de Espanha.

“Estamos a sangrar até à morte, estamos a afundar-nos nas sondagens", referiu Ayuso, figura em ascensão no PP, a propósito da pressão interna que está em curso para que o líder nacional dos conservadores se demita, e para que seja convocado um congresso extraordinário para eleger um sucessor.

No âmago desta polémica estará, de acordo com a imprensa espanhola, uma investigação que a direção nacional do PP teria desencadeado a possíveis irregularidades num contrato de 1,5 milhões de euros que Madrid assinou para o fornecimento de máscaras contra a Covid-19.

O irmão da presidente da Comunidade de Madrid, Tomás Díaz Ayuso, terá servido como intermediário, recebendo 280 mil euros.

Apesar do PP já ter desmentido, a imprensa avança que terá mesmo ocorrido uma tentativa de o espiar, com a contratação de um detetive, por parte de uma empresa da Câmara de Madrid, liderada por José Luis Martínez-Almeida.

O objetivo desta investigação da direção nacional seria prejudicar Isabel Ayuso, que estará a travar uma luta interna pelo controlo do partido na capital espanhola, apesar desta já ter afirmado estar fora da corrida para a sucessão, exigindo, contudo o inicio de uma nova era no PP.

A presidente da Comunidade de Madrid rejeita ter cometido qualquer ilegalidade, confirmando que o contrato foi adjudicado a uma empresa ligada ao irmão, que o texto está disponível no portal de transparência e que vai, ela própria, enviar ao Ministério Público toda a documentação sobre o contrato que está na origem da disputa.

"Apesar da vida política estar cheia de dissabores, nunca imaginei que a direção nacional do meu partido iria atuar de um modo tão cruel e tão injusto contra mim", diria, há dias, a governante aos jornalistas, quando a controvérsia voltou à ribalta.

A verdade é que, depois da vitória nas eleições antecipadas de maio de 2021, em que o PP passou a governar sozinho, sem necessidade do Ciudadanos, como acontecia desde 2019, Isabel Díaz Ayuso é vista como séria ameaça à liderança de Pablo Casado, a quem, de resto, acusou de ter traçado um plano "cruel" para a destruir "politica e pessoalmente", com a acusação de alegada corrupção.

Esta segunda-feira, Ayuso pediu que sejam “assumidas responsabilidades”, ao mesmo tempo que se mostrou indignada pelos “danos” que estão a ser infligidos, não apenas à sua “honra”, mas a toda a sua família. "Não posso olhar para o outro lado e fingir que tudo permanece na mesma”, referiu.

Dias difíceis para os conservadores espanhóis, divididos, muitos dos quais a exigirem a demissão de Pablo Casado. A situação, aparentemente, já provocou uma queda nas sondagens.

Pela primeira vez, o Vox, de extrema-direita, ultrapassa o Partido Popular, em Espanha, e passa a segunda força política, atrás dos socialistas do PSOE.

Segundo uma sondagem do jornal El Español, se as eleições fossem hoje, o Vox conseguiria 20,9% das intenções de voto, logo a seguir ao PSOE, contra 20,1% do PP.

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