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Há risco de uma faísca no conflito entre Rússia e Ucrânia, admite antigo embaixador em Moscovo

10 fev, 2022 - 18:10 • Pedro Mesquita com Redação

Na leitura do diplomata, não se pode falar, ainda, de uma rutura da via diplomática, mas a situação é delicada. Pedro Sampaio Nunes antigo diretor da Comissão Europeia das Energias Convencionais, reconhece que é importante encontrar alternativas que esvaziem a dependência europeia do gás russo

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O antigo embaixador português em Moscovo, Mário Godinho de Matos, alerta que "há risco de uma faísca" num eventual conflito entre Rússia e Ucrânia.

Esta quinta-feira, o secretário-geral da NATO admitiu o risco de "algo verdadeiramente desastroso" se desenrolar nas fronteiras da Ucrânia. Mário Godinho de Matos, ouvido pela Renascença, concorda com esta visão e admite que é um perigo que está iminente.

Mesmo assim, a leitura do diplomata, não se pode falar, ainda, de uma rutura da via diplomática, mas a situação é delicada.

"Creio que ainda não chegamos a esse ponto de rutura. Tudo aquilo se passa junto às fronteiras da Ucrânia, não sabemos se o podemos classificar de intimidatório, mas a verdade é que exerce muita pressão sobre eventuais negociações", explica.

A importância do gás no puzzle do conflito

A Europa depende em 40% do gás russo. De acordo com o jornal "La Vanguardia", existe um plano da Nato para a criação de um gasoduto, entre a Espanha e a Alemanha. A ideia será, em alternativa, abastecer o norte da Europa com gás vindo da Argélia, e o gás liquefeito preparado em Espanha e Portugal.

Pedro Sampaio Nunes antigo diretor da Comissão Europeia das Energias Convencionais, reconhece que é importante encontrar alternativas que esvaziem a dependência europeia do gás russo - se possível diversificar a origem deste abastecimento - mas sublinha que isso pode demorar pelo menos dois anos.

"A ideia parece-me plausível mas não responde, de imediato a esta crise. É preciso reforçar a capacidade de pipelines que existe. Já é significativa mas teria, pelo menos, de dobrar", afirma, à Renascença.

O especialista em energia convencional deixa contudo, uma mensagem de otimismo, pois não acredita "que a Rússia possa, alguma vez, sacrificar a sua principal fonte de receitas".

"Assim como nós dependemos da Rússia para uma parte importante dos nossos abastecimentos de gás, a Rússia depende muito mais da Europa para poder vender o seu próprio gás", considera.

Embora Moscovo tenha procurado, nos últimos anos, vender o seu gás também à China, "o grande mercado que satisfaz as exportações russas é o mercado europeu", indica Pedro Sampaio Nunes.

"Seria suicidário para a Rússia pensar em prescindir dessa fonte de receitas, por via de uma crise militar ou política. Isso seria letal para a economia russa", aponta, ainda.

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