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Ucrânia. Putin diz "claramente" a Macron que não procura confronto

28 jan, 2022 - 18:37 • Lusa

Uma conversa telefónica, entre o Presidente russo e o seu homólogo francês permitiu "chegar a acordo sobre a necessidade de uma desescalada" na tensão sobre a Ucrânia. A França exerce atualmente a presidência rotativa do Conselho da União Europeia.

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O Presidente russo disse hoje "muito claramente" ao seu homólogo francês que não procura uma confrontação na Ucrânia, anunciou a presidência francesa, segundo a qual os dois líderes concordaram na necessidade de desanuviar tensões e continuar a dialogar.

"O Presidente [Vladimir] Putin não expressou qualquer intenção ofensiva (...). Ele disse muito claramente que não estava à procura de confrontação", disse o gabinete de Emmanuel Macron, citado pela agência noticiosa France-Presse.

A conversa telefónica, que durou mais de uma hora, permitiu aos dois chefes de Estado "chegar a acordo sobre a necessidade de uma desescalada" na tensão sobre a Ucrânia, disse o Eliseu (Presidência).

Sobre a segurança estratégica na Europa, Macron e Putin concordaram na "continuação do diálogo, que exigirá que os europeus (...) façam parte deste diálogo", o qual envolve principalmente os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

Relativamente ao conflito no Leste da Ucrânia, onde separatistas pró-russos combatem as forças ucranianas desde 2014, Putin insistiu nas conversações no chamado Formato Normandia (Rússia, Ucrânia, Alemanha e França), que visa implementar os acordos de paz de Minsk de 2015, segundo a presidência russa.

"Também deseja continuar com o Presidente [Macron] a discussão que começou hoje", acrescentou o Eliseu.

Emmanuel Macron deverá também falar com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, no final da tarde de hoje.

"Irá falar-lhe do nosso empenho na soberania da Ucrânia, da nossa solidariedade neste período de tensão e do nosso empenho em continuar as negociações para encontrar uma forma de implementar os acordos de Minsk", acrescentou a presidência francesa.

A França exerce atualmente a presidência rotativa do Conselho da União Europeia.

Antes da declaração francesa, a presidência russa (Kremlin) tinha informado que Putin disse a Macron que as respostas do Ocidente às suas exigências ignoraram as "preocupações fundamentais" da Rússia.

Entre as preocupações que ficaram sem resposta, Putin mencionou a recusa categórica da Rússia ao alargamento da NATO para o Leste europeu, aludindo claramente à Ucrânia e também à Geórgia, e o destacamento de armamento ofensivo para perto das fronteiras russas.

Também referiu a retirada das infraestruturas militares aliadas para as posições que ocupava em 1997, antes da expansão para a Europa Oriental e o espaço pós-soviético (1999 e 2004), segundo a agência espanhola EFE.

Segundo o Kremlin, a Rússia "determinará a sua reação futura" depois de estudar em pormenor as respostas dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

A conversa entre Putin e Macron realizou-se no quadro da crescente tensão entre Moscovo e o Ocidente, que receia uma nova invasão da Ucrânia pela Rússia na sequência do envio de pelo menos 100.000 tropas russas para a fronteira com o país vizinho.

A Rússia negou essa intenção, mas disse sentir-se ameaçada pela expansão de 20 anos da NATO ao Leste europeu e pelo apoio ocidental à Ucrânia.

Moscovo exigiu o fim da política de expansão da NATO, incluindo para a Ucrânia e a Geórgia, a cessação de toda a cooperação militar ocidental com as antigas repúblicas soviéticas e a retirada das tropas e armamento dos aliados para as posições anteriores a 1997.

Os Estados Unidos e a NATO rejeitaram formalmente, na quarta-feira, as principais exigências de Moscovo, mas propuseram a via da diplomacia para lidar com a crise.

Em particular, abriram a porta a negociações sobre os limites recíprocos da instalação dos mísseis de curto e médio alcance das duas potências nucleares rivais na Europa, e sobre exercícios militares nas proximidades das fronteiras do campo adversário.

Embora o conteúdo da resposta dos aliados seja desconhecido, o Kremlin admitiu que "há poucos motivos para otimismo", uma vez que a NATO considera a sua política de porta aberta não negociável, embora não tenha excluído novas rondas de negociações com o Ocidente.

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