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Greenpeace

Plano de Bruxelas para centrais nucleares e a gás é “licença para lavagem de imagem verde”

02 jan, 2022 - 13:24 • Lusa

Proposta sobre a denominada “taxonomia” pretende promover a transição para a neutralidade climática em 2050.

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A Greenpeace defende que a proposta da Comissão Europeia de considerar certos investimentos em energia nuclear e gás natural como sustentáveis é “uma ameaça real à transição energética da Europa”.

Promover essas formas de energia tóxica e cara durante as próximas décadas é uma ameaça real à transição energética da Europa”, sustenta a diretora de programas da secção europeia do Greenpeace, Magda Stoczkiewicz, citada num comunicado.

O executivo comunitário apresentou na passada sexta-feira aos países da União Europeia (UE) e aos especialistas da Plataforma de Finanças Sustentáveis o projeto da sua proposta sobre a denominada “taxonomia”, com a qual pretende promover a transição para a neutralidade climática em 2050.

Bruxelas propõe que os investimentos em centrais nucleares com licença de construção antes de 2045 sejam considerados sustentáveis, desde que existam planos para a gestão dos resíduos radioativos e o desmantelamento das centrais.

Também propõe, por exemplo, que recebem ‘selo verde’ os investimentos em instalações de gás natural com licenças concedidas até 2030, se emitirem menos de 270 gramas de Co2 (dióxido de carbono)/ kWh (quilowatt/hora).

Magda Stoczkiewicz, da Greenpeace, afirma que a medida é “uma licença para uma lavagem de imagem verde” , já que “as empresas poluidoras ficarão encantadas por ter o selo de aprovação da UE para atrair dinheiro e continuar a destruir o planeta, queimando combustíveis fósseis e resíduos radioativos”.

Também a organização não-governamental (ONG) WWF manifestou no sábado, em comunicado, a sua “preocupação” com a proposta e com o facto de a Comissão ter estabelecido 12 de janeiro como prazo limite para os países da União e os especialistas da Plataforma de Financiamento Sustentável se pronunciarem sobre uma medida que descreve como “complexa e polémica”.

Bruxelas, que afirma que o seu plano é uma “ferramenta robusta e transparente, baseada na ciência” , quer aprovar o ato delegado em janeiro, após ter analisado as observações apresentadas.

O texto deverá, então, receber a aprovação do Conselho da UE, a instituição comunitária que representa os países membros, e do Parlamento Europeu.

Até agora, a taxonomia dividiu os governos europeus, com a França a liderar o grupo de países que quer que a energia nuclear seja considerada sustentável e a Alemanha a opor-se e a defender que sejam os investimentos em gás natural a receber o ‘selo verde’.

Já Espanha opõe-se a que os investimentos em qualquer uma das duas fontes em disputa sejam classificados como investimentos sustentáveis.

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