Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

National Geographic

"Na Rota do Tráfico com Mariana van Zeller" regressa. "Foi a investigação mais assustadora"

16 dez, 2021 - 11:08 • Lusa

É a primeira portuguesa a ter um programa em nome próprio no canal. A segunda temporada de "Na Rota do Tráfico com Mariana van Zeller" estreia a 18 de dezembro.

A+ / A-

Na segunda temporada do seu programa "Na Rota do Tráfico", a jornalista Mariana van Zeller vai mostrar como a pandemia de Covid-19 levou a um aumento substancial dos mercados negros. O programa estreia a 18 de dezembro no National Geographic.

"Durante a pandemia, houve um crescimento enorme dos mercados negros globais", disse à agência Lusa a jornalista de investigação, que é a primeira portuguesa a ter um programa em nome próprio no National Geographic, "Na Rota do Tráfico com Mariana van Zeller".

"Sempre que há uma crise na economia e muitas pessoas perdem o trabalho, têm de recorrer a mercados negros e a outras maneiras de fazer dinheiro para trazer comida para a família", afirmou. "Mal começámos a investigar vimos isso, que tinha havido um crescimento grande no mercado de drogas, no mercado de armas, no mercado de esquemas", sublinhou.

Nesta segunda temporada, a equipa conseguiu ir mais a fundo nos mercados negros e alargar a abrangência da sua investigação, impulsionada pelo sucesso da primeira temporada.

"Alargámos a ideia do que são os mercados negros, que não são só bens como armas e drogas", frisou. "Existe um crescimento enorme de um movimento de supremacia branca pelo mundo inteiro, e eu há muitos anos que estava interessada neste tema".

Esse é um dos episódios mais marcantes da temporada, filmado durante um período conturbado da sociedade norte-americana.

"Foi a investigação mais assustadora, muito mais que estar num laboratório de metanfetaminas com homens armados à minha volta no México, ou com gangues de motoqueiros", revelou.

"Foi estar frente a frente com um neonazi e um americano que vivia na Sérvia, e perceber o ódio e a raiva que existe aliados a uma completa falta de informação ou a informações erradas que levam a ataques terroristas", continuou. "Foi assustador como americana e como portuguesa, sabendo que estas ideias se estão a disseminar pelo mundo inteiro".


A investigação levou-os a perceber que a divulgação da ideologia do ódio e da supremacia branca é feita muito em paralelo com os mercados negros tradicionais. "Neste caso, em vez de estarem a vender armas ou drogas, estão a pôr ideias nas cabeças de pessoas, informação errada que leva em muitos casos a episódios piores ainda que a compra de drogas".

Van Zeller disse que, sendo impossível policiar ideias, usar alguns métodos tradicionais pode ser uma solução. "Uma das coisas que se pode fazer, por exemplo, é o policiamento das armas em grupos onde se sabe que existe um objetivo de destruição e morte".

Após a primeira temporada, parte do trabalho ficou um pouco mais fácil, porque pessoas que fazem parte destes mercados negros convidaram a equipa a ter acesso. "Por outro lado, tem sido mais desafiante porque pessoas que viram ficam com mais medo de falar, sabendo que é uma série bastante popular, e muitas pessoas veem".

Entre os temas explorados nesta segunda temporada estão as cirurgias plásticas ilegais, que em muitos casos resultam em morte, os esquemas fraudulentos ligados a romances 'online', que cresceram mais de 100% durante a pandemia, e a pesca ilegal.

"Foi chocante para mim descobrir que existe muita pesca ilegal, mas ainda mais chocante é saber que a pesca legal ainda é mais preocupante", disse a jornalista. "O que podemos fazer no mar é chocante e está a levar rapidamente à destruição dos oceanos e do peixe", continuou.

Esse episódio mostrará que "a pesca legal não é sustentável", na forma como está a ser feita hoje, e que "daqui a muito poucos anos vai haver pouquíssimo peixe" em resultado disso. "Não posso estar mais orgulhosa desse episódio, é super importante e, sendo portuguesa, é um episódio que estou contente que Portugal vá ver".

Van Zeller e a sua equipa também tiveram um acesso sem precedentes à exploração madeireira ilegal na Amazónia, onde estiveram várias semanas.

"Vimos árvores a serem cortadas que já têm centenas de anos", contou. "Tivemos acesso a esses grupos que estão a desmatar a floresta amazónica e algumas minas de ouro ilegais, também responsáveis pelo desmatamento ilegal da Amazónia".

Investigada e filmada durante o pico da pandemia, a segunda temporada de "Na Rota do Tráfico com Mariana van Zeller" mostra como esta realidade está por todo o lado. "A melhor maneira de esconder o mercado negro é fazê-lo às claras. É incrível, mas é verdade".

Procurando sempre "humanizar" os entrevistados, van Zeller afirmou que o principal objetivo da série "não é criar raiva nem desconfiança no mundo, mas sim criar pontes", porque "só através de pontes conseguimos criar uma sociedade e um mundo melhor".

O primeiro episódio da segunda temporada de "Na Rota do Tráfico com Mariana van Zeller" estreia-se no próximo sábado, dia 18, no National Geographic, às 22h30 (hora de Lisboa).

Cada novo episódio será sempre emitido aos sábados à noite, à mesma hora.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+